Entre para o Serpro e conheça o mundo!

O Serpro na gestão Alexandre Amorim está conhecendo mais uma de suas expertises, até então desconhecida para os funcionários, que não gozam deste privilégio: o turismo internacional. Tem sido registrada tanta viagem para o exterior, com tudo pago pelo erário (contribuintes, se desejarem), que até o Conselho de Administração da Empresa, presidido pelo representante do Ministério da Fazenda, Fernando Ferreira, decidiu por um freio nessa farra.

“O colegiado, registrou ainda, a recomendação para que futuras viagens internacionais sejam analisadas de forma criteriosa e ponderada, em relação a oportunidade, relevância, pessoas envolvidas e duração, considerando a limitação dos recursos disponíveis no orçamento anual para o custeio de viagens e deslocamentos”, destacou em Ata o Conselho de Administração do Serpro, em reunião realizada no dia 13 de fevereiro deste ano.

A decisão de fazer constar em Ata essa recomendação, se deveu pelo fato do Conselho ter recebido mais um pedido de autorização para o presidente, Alexandre Amorim, se afastar do país, para que pudesse viajar para a China, junto com um superintendente e dois gerentes. Com tudo pago pela estatal. Curioso foi que a recomendação do CA/Serpro ocorreu na mesma reunião que aprovou a viagem de Amorim e mais três funcionários da estatal.

Amorim viajou e está na China desde o dia 7 de março; só retorna no próximo dia 20. Ele foi acompanhado por Eduardo Prola Salinas (Superintendência de Produtos e Serviços – Centro de Dados); Santiago Casado dos Santos (Gerente de suporte técnico de TI) e Sandro Rogério Benelli Ninin (Gerente do Departamento de Suporte à Plataforma Alta). Não se pode negar que já há um avanço nessas marretas. Antigamente essas autoridades estariam viajando com tudo pago pelos chineses, em busca de contratos no governo brasileiro. Por sinal, a Huawei tem sido um importante parceiro em sua “nuvem soberana” alardeada pela direção da estatal.

Os quatro executivos do Serpro estão na China cumprindo uma velha agenda que todo o ano leva dezenas de autoridades brasileiras a gastarem pesado com deslocamentos para aquele país: ” visitas às instalações e Sede da empresa Huawei, em Shenzhen, Shanghai e Pequim/China e visitas institucionais à Casa Brasil-China, em Xangai”. A viagem mais recente que se tem notícia foi a do ministro das Comunicações, Juscelino Filho com o secretário de Telecomunicações, Hermano Barros Tercius. A temporada de viagens de autoridades brasileiras nos últimos dois anos foi inaugurada pelo presidente Lula, que já fez o mesmo roteiro.

A viagem é tão magnífica (dizem), que até a prefeita da pequena Paraipaba, no interior do Ceará, já esteve lá para conhecer novas tecnologias que seu muncípio ainda carente de sinal de celular certamente nem sonha um dia em ter. Mas foi, graças à feliz coincidência de ser esposa do ainda conselheiro da Anatel, Vicente Aquino.

Promoção de quê?

O mais curioso nisso tudo é que o grande “promotor” dessas viagens para autoridades do governo conhecerem a China e os seus gigantes da tecnologia é a Apex Brasil, que vem a ser a “Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos”. É um pouco complicado afirmar que tais visitas estarão incentivando estatais e ministérios a investirem nas exportações para a China. O mais próvável é que ocorra o contrário.

Então não seria o caso de comitivas chinesas estarem ao longo do ano frequentando o Brasil, atrás de oportunidades de negócios? Não seria esse o papel da agência? Até tivemos uma gigantesca comitiva chinesa aqui, por ocasião da passagem do presidente chinês Xi Jinping. Mas a contrapartida brasileira é levar burocrata e até prefeita para se deliciar com as maravilhas tecnológicas lá? Por que a Apex não empreende esforços para atrair um centro chinês dessas tecnologias ao Brasil? Nem que seja apenas uma feira internacional ou algo similar?

Este blog está com uma relação de todas as viagens de funcionários do Serpro para o exterior entre 2024 e este ano. Viagens que acabaram por gerar uma recomendação de por o pé no freio, pelo Conselho de Administração. Para não cometer injustiças, este blog estará pedindo nesta sexta-feira, por meio da Lei de Acesso à Informação, todos os relatórios de viagens e quanto custou para os cofres do Serpro cada viagem de funcionário.

*Como vai levar 15 dias para responder e o Serpro ainda terá mais 10 de prorrogação do prazo, alegando “complexidade dos pedidos de informações”, dará tempo da turma correr para produzir algo que possa embromar a imprensa com explicações sobre os reais objetivos dessas viagens, além do natural cheiro de serem apenas turismo estatal.