Mesmo em crise, RNP chegou a cogitar em pagar 15 salários para a direção

Apesar dos problemas financeiros, embora seu caixa seja irrigado com recursos públicos, o conselho de administração da RNP chegou a cogitar de pegar empréstimo para custear as suas operações. Dentre elas, pasmem, a diretoria executiva queria voltar a receber 15 salários.

Estima-se que o salário do diretor-geral, Nelson Simões, deva estar hoje em torno de R$ 40 mil. Isso levando e conta correções que tenham ocorrido na remuneração deste cargo a partir de 2017, data do último edital público de eleição para a diretoria da RNP. Na época, o salário de Simões foi fixado em R$ 31.662,00.

Empréstimo

O pagamento de 15 salários não era uma novidade na RNP. Ele já constava na contabilidade da organização como um benefício para a diretoria executiva até 2016. Porém, nessa época a organização social foi obrigada a cortar o pagamento de “dividendos” dos funcionários e da diretoria, em função de outra crise financeira ocasionada pela mudança dos governos Dilma Rousseff para Michel Temer. Os recursos federais na época foram represados, o que deixou também a RNP numa situação financeira ruim.

Qual a saída?

O conselho chegou a cogitar numa reunião ocorrida entre 2018 e 2019, de pegar um financiamento bancário para pagar suas operações, com a desculpa de que necessitava de dinheiro para tocar um projeto de interesse do governo, sempre com a expectativa de ser ressarcido depois pelos cofres públicos.

A proposta teria partido do diretor de Engenharia e Operações Eduardo Grizendi (foto) e seria captar no mercado financeiro um empréstimo de valor estimado em R$ 15 milhões. Com esse montante dava para bancar as operações da RNP e até recuperar o pagamento dos dois salários extras.

A proposta chegou a ser comentada com os representantes do MCTI no Conselho de Administração que pularam da cadeira quando tiveram conhecimento. O conselho não é beneficiado com salários na RNP, apenas com ajuda de custo para participar das reuniões.

No caso dos salários extras, a alegação de Grizendi era de que pagar 15 salários para a diretoria iria estimular os executivos a “recuperar o moral” que perderam a partir de 2016 quando deixaram de receber o “benefício”.

O MCTI vetou a proposta, ainda mais num momento de crise financeira. Mesmo assim, é possível que pelo menos um salário, além dos 13 que a diretoria já recebe, pode estar sendo pago. A entidade não apresenta seu balanço financeiro que possa comprovar a informação.