Provedores alertam para atraso do 5G em mais de 95% dos municípios brasileiros

Numa nota oficial a “Iniciativa 5G Brasil” questiona o edital que está em pauta para ser votado pela Anatel nesta sexta-feira (24/9). Segundo a entidade o texto do edital vai guiar o leilão para implementação da rede móvel deixando “mais de 5,5 mil municípios brasileiros a ver navios quando a tecnologia desembarcar no país – pelo menos por alguns anos”.

Na visão desses empresários, o documento privilegia operadoras de grande porte, negligencia o interior do país e compromete a modernização do agronegócio, atendidos, na sua maioria (média de 80%), pelos provedores regionais.

A Iniciativa 5G Brasil pleiteou junto ao Governo Federal que fosse permitido o “roll out” (permissão de implantação do 5G do interior para as capitais e vice-versa), roaming obrigatório, e que a faixa de 700 MHz fosse atrelada à de 3,5 GHz, mudança que permitiria a participação das empresas no leilão de forma competitiva. Os ajustes, no entanto, foram negados pela Anatel, sob o argumento de que não haveria tempo hábil para as correções.

“No entanto, para atender as recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU), o relator do edital, conselheiro Emmanoel Campelo, acompanhado pelo presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, apresentou ao Conselho Diretor da agência, em reunião extraordinária na última segunda-feira (13), mudanças análogas ao ajuste que foi pleiteado pela iniciativa. Do ponto de vista jurídico-regulatório, o novo cálculo de preço da faixa de 26 GHz e a modificação nos lotes de 400 MHZ têm efeito administrativo semelhante ao da solicitação dos provedores”, informa a nota oficial.

Também alega que, embora o Ministério das Comunicações argumente que a participação dos ISPs estaria garantida na frequência de 26 GHz. “No entanto, a frequência tem limitações e não é suficiente para a exploração plena da tecnologia e para que essas empresas 100% brasileiras se posicionem como operadora nacional no mercado, um dos objetivos do grupo”.

Outro argumento que parte do Governo é que a presença dos provedores estaria garantida no leiloamento dos lotes de frequências regionais. Teoria que, na visão dos provedores, também não se sustenta, dado o histórico de leilões anteriores, em que as empresas detentoras de frequências regionais acabaram absorvidas por operadoras nacionais devido à inviabilidade econômico-financeira e a dificuldade de roaming nacional.

“Sem a aglutinação dessas frequências, não faz sentido que os provedores regionais participem do processo. Isso porque uma frequência (700 MHz) tem cobertura, mas não tem largura de banda, ou seja, tem alcance longo, mas não tem alta capacidade de tráfego. E a outra (3,5 GHz) é, de fato, o 5G, com alta capacidade de tráfego, mas de alcance muito pequeno. Seria necessário trabalhar com as duas frequências para ter alcance e largura de banda. Com apenas uma, é como se nós entrássemos ‘mancos’ no mercado. Teríamos o avião, mas não o combustível para voar”, compara o presidente institucional da Iniciativa 5G Brasil, Suelismar Caetano.

A iniciativa 5G Brasil considera que a pressa para a aprovação do processo de licitação impedirá o acerto desses detalhes que ampliam o mercado aos provedores regionais e ainda colaboram para a democratização da implantação da tecnologia no país. “Movimentos recentes, como o cancelamento da reunião extraordinária do Conselho Diretor da Anatel no último dia 10, juntamente com rumores de pressão realizada sobre os conselheiros e o pedido de vista por Moisés Moreira demonstram que não há consenso na agência reguladora sobre as decisões tomadas até o momento no processo licitatório”, informa a nota oficial.

Iniciativa 5G Brasil

A Iniciativa 5G Brasil é formada por 370 provedores regionais de internet – empresas de comunicação de capital nacional. Geram renda e emprego local, treinam e formam técnicos e profissionais para o setor de telecomunicações, promovendo, assim, inclusão social nas áreas em que atuam.

  • 14 mil provedores regionais licenciados pela Anatel
  • Presentes em 100% dos municípios do Brasil que possuem estrutura de fibra óptica, sendo protagonistas nesta tecnologia (responsáveis por 60% desse tipo de acesso)
  • Geram cerca de 300 mil empregos diretos, número que chega a 1 milhão quando somados os indiretos
  • Média de R﹩ 6,5 bilhões de contribuições em impostos ao ano