Perspectivas do setor TIC para 2025

Por Sérgio Sgobbi* – O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no Brasil está em crescimento acelerado, se consolidando como um dos motores da transformação digital do país. A expectativa é de que o setor B2B de TI cresça 13 % em 2025, de acordo com a pesquisa IDC Predictions Brazil 2025. A dinâmica é um reflexo aos movimentos do mercado, que tem demandado mais infraestrutura, mais produtividade, cibersegurança e melhor controle e otimização de custos. 

Um outro estudo recente do IDC apontou que 73,8% dos líderes da indústria de TI e Telecomunicação irão executar como previsto em orçamento ou até mesmo acelerar os gastos com TI esse ano. Sendo os temas mais estratégicos Gen AI, AI Cibersegurança, IaaS e PaaS e Big Data & Analytics. 

O Brasil está se consolidando como um dos polos tecnológicos da América Latina é o aumento na instalação de data centers, impulsionado pelo crescimento da computação em nuvem, implantação do 5G e a utilização de inteligência artificial (IA), que é uma tendência central com aplicações, abrangendo desde automação de tarefas até análises avançadas. Empresas estão aumentando o consumo de recursos de infraestrutura para a criação de modelos LLM/SLM ou para inferência, além do aumento de modelos digitais de negócios, visando melhorar produtos e serviços e ampliar as receitas do digital. 

A relação entre IA e data centers é simbiótica. Modelos de IA, especialmente os de Machine Learning e IA Generativa, exigem um poder computacional intenso para treinamento e inferência. E são os data centers que hospedam os recursos de computação para suportar serviços como reconhecimento de voz, análise preditiva, processamento de imagem e sistemas de recomendação. Plataformas baseadas em nuvem) são sustentadas por eles, reduzindo os custos e complexidades de implementar a tecnologia internamente. 

Para o Brasil, a ampla disponibilidade de energia limpa e renovável é uma vantagem competitiva única para os data centers. O país conta com uma matriz energética baseada em fontes hidrelétricas e tem observado as energias solar e eólica crescerem como suporte. Esse cenário atrai empresas globais interessadas em reduzir sua pegada de carbono e operar de forma mais eficiente, especialmente em um momento em que a sustentabilidade se torna um fator determinante para investimentos, alinhados às exigências ambientais globais.

O momento é decisório para o país, que não pode perder a oportunidade de se tornar relevante no cenário global do setor de TIC. Empresas multinacionais estão buscando novos hubs tecnológicos desconcentrando dos EUA, Europa e Ásia. Se o Brasil expandir sua infraestrutura digital e investir em inovação tecnológica, ele poderá se um importante polo estratégico na região, atraindo empresas do mundo todo e fomentando exportações de serviços de tecnologia.

Para isso, medidas como a Lei das TICs e incentivos fiscais, como a Lei do Bem, precisam ter estabilidade para atrair ainda mais investimentos em inovação e fomentar o desenvolvimento local e regional. O Brasil precisa aproveitar o momento para investir fortemente em educação e capacitação em áreas-chave como desenvolvimento de software e cibersegurança. Isso não só impulsiona o setor como também cria empregos qualificados, sustenta o crescimento da economia, reduz custos para os usuários finais, melhorando a produtividade da economia.

Se aproveitar a oportunidade, o país se tornará protagonista em tecnologias emergentes, capaz de competir no cenário global, além de ser um gerador de riqueza interna por meio de empregos qualificados, capacidade de produção local exportadora e difusão tecnológica e científica. Por outro lado, se perder, será ultrapassado pelos competidores globais e continuará dependente de tecnologias e serviços importadas, com perda de competitividade no cenário global.

*Sérgio Sgobbi é diretor de Relações Institucionais e Governamentais na Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais.