Open Everything

Por Nedyr Pimenta Filho* – Após a chegada do Open Banking, o mercado nacional já vislumbra sinais das próximas agendas de inovação do setor financeiro. O avanço tecnológico tem ocorrido de maneira exponencial, principalmente, nos últimos seis anos e é o principal catalisador desta jornada disruptiva do mercado. Neste sentido, o Open Finance, como começa a ser chamado o Open Banking, após a perspectiva da incorporação do Open Insurance, abriu um leque de possibilidade para o conceito de Open Everything, que prevê a abertura, não apenas de dados bancários, mas, também, de diversos outros segmentos da economia. Diante deste cenário, é preciso entender o conceito do “Open” e o impacto que deve causar para as empresas e para os consumidores.

Antes de mais nada, o Open Everything segue os mesmos preceitos do Open Banking, ou Open Finance, mas de uma forma mais abrangente. Ou seja, baseado na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os dados referentes ao cliente, que antes pertenciam às instituições, passam a pertencer aos próprios consumidores, o que lhes dá a possibilidade de optar com quem e quando compartilhar estas informações.

Enquanto restrito à área financeira, esta abertura abrange as instituições bancárias, seguradoras e investimentos. Com a expansão do conceito, o Open deve se ramificar para diversos setores, como telecomunicações, saúde, entre outros.  De um modo geral, tudo que envolve base de clientes, e tiver alguma relação de propriedade com essa base, está candidato, por definição, a virar uma categoria de Open.

O papel das API’s para o Open Everything

O processo de integração entre aplicações, que sempre foi um grande desafio pelo caráter heterogêneo delas, é o principal responsável por este novo cenário Open e sempre foi uma necessidade para o mercado tecnológico. No entanto, os elevados custos desta integração impossibilitavam o avanço neste sentido. Com a chegada de sistemas mais robustos e com maior poder de processamento, a integração com outras empresas passou a ser uma realidade. Esta conexão entre instituições é viabilizada por meio das API’s (Application Programming Interface), responsáveis pela integração com outros softwares. Cada necessidade de integração possui uma interface desenhada para uma ação específica.

Com o surgimento do Open, estas aplicações passam a ser padronizadas, o que garante mais agilidade no processo de integração e facilita o tráfego de informações entre uma aplicação e outra. Um dos principais exemplos de API é o PIX. Lançado em novembro de 2020, pelo Banco Central do Brasil, o Pagamento Instantâneo é, de modo geral, uma aplicação que possibilita a transferência imediata de valores entre diferentes instituições, seja para outra conta do mesmo proprietário ou para a de terceiros.

O impacto do Open Everything para as empresas e consumidores

A facilidade de integração entre as empresas de um ecossistema, alinhada à opção de abertura de dados oferecida aos consumidores, possibilita o avanço disruptivo do mercado, com maior concorrência entre as instituições, menores custos e planos personalizados para o perfil de cada cliente. Com os dados em mãos e a possibilidade de abertura, cada consumidor pode migrar para a instituição que soluciona as demandas exigidas por ele de maneira mais efetiva, que nem sempre o mais barato, mas o que melhor lhe atende, com facilidade e segurança. Neste sentido, o empoderamento do cliente é uma situação que não terá volta a partir deste novo cenário.

O Open Banking, por exemplo, possibilita a ampliação do escopo de clientes de determinada instituição bancária, incluindo pessoas no mercado financeiro que ainda estavam desbancarizadas. Isto acontece por meio destes planos personalizados para o perfil de cada consumidor. Ou seja, são oportunidades de compartilhar formas de outras empresas tratarem e incluírem as pessoas que não são incluídas pelos processos atuais. Portanto, as empresas que querem manter sua competitividade no mercado precisam aproveitar a oportunidade para desenvolverem produtos e soluções mais adequados para estes clientes.

Desta forma, o Open Everything deve ser enxergado como uma perspectiva de futuro baseado no que estamos acompanhando no mercado financeiro. Trata-se de um grande denominador comum e o fio condutor para todos os demais mercados. Começa pelo Open Banking e migra para todas as outras possibilidades de Open.

*Nedyr Pimenta Filho é Diretor de Inovação da Provider IT .