Sem a presença do presidente do Serpro, Alexandre Amorim, ou de algum outro representante da empresa; do Ministério da Fazenda e do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, a Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados debaterá logo mais às 17 horas, as acusações de que a empresa está praticando “etarismo”. Porque tomou a decisão de estabelecer uma redução de 75 anos para 70 anos, a idade para aposentadoria compulsória. Medida que nos próximos três anos fará uma enxugamento estimado em 1.700 funcionários dentro da empresa.
A proposta de audiência foi encaminhada pela deputada, Erika Kokay (PT-DF) e contou com o apoio de outros parlamentares, entre eles, André Figueiredo (PDT-CE), ex- ministro das Comunicações.
O Conselho de Administração do Serpro já aprovou a medida e, pasmem, com a anuência de integrantes do Partido dos Trabalhadores de São Paulo. A ministra Esther Dweck também parece apoiar a medida. Pois tem o Secretário de Governo Digital, Rogério Mascarenhas, como seu representante neste colegiado e ele votou favoravelmente à proposta.
O Ministério da Fazenda não é diferente. O ministro Fernando Haddad está apoiando a decisão e não esconde sua preferência pela manutenção de Alexandre Anorim na presidência da estatal, que aos poucos vem guinando a empresa para uma privatização branca. Haddad inclusive gosta de posar para fotos com Amorim, sempre que procurado pelo executivo para isso. A mais recente foi durante a realização do G20.
Não se trata de questionar se a idade de 70 anos ultrapassa os limites da capacidade do trabalhador de produzir e gerar riquezas para a empresa ou o país. O Tribunal Superior do Trabalho vem ajustando essa questão da aposentadoria compulsória para os funcionários CLTs que completam 70 anos desde 2019, após a reforma previdenciária do governo Bolsonaro. Possível de fazer, sim, a direção não está errada. O problema é a ocasião política. A medida teria ficado melhor numa direção bolsonarista, pois era sabido que havia o interesse do governo de enxugar a empresa e torná-la mais atrativa para uma privatização.
Mas num governo do PT, qual a desculpa? Meta fiscal?
Se for essa a razão, por que ninguém do governo a assume publicamente? Prefere aprovar a medida na calada da noite de uma reunião do Conselho de Administração e depois foge de uma comissão do Congresso para ter de se explicar. Apenas a base sindical do partido assume a disputa e tenta brigar de todas as formas para proteger os funcionários.
Eleição de 2026
Talvez a decisão de ninguém do governo se expor no Congresso para explicar a medida, tenha sido tomada porque os integrantes do PT que comandam o Serpro, direta ou indiretamente, não querem antecipar um debate político. O fato de que em 2026 o partido terá de pedir votos aos eleitores para a reeleição do presidente Lula, que estará com 81 anos de idade ao assumiu um segundo mandato – o quarto de sua biografia.
Aliás, esse foi o primeiro questionamento feito por Marcelo Augusto de Carvalho, no último dia 21, quando a Câmara dos Deputados abriu um espaço interativo para o internauta se manifestar sobre a audiência da comissão.
“Por que o presidente não tem idade para se aposentar e os trabalhadores tem?“
*A resposta que fique para a Executiva Nacional do PT.