Briga política abafa auditoria no SERPROS

Recebi uma denúncia por e-mail que considero séria e merecia uma investigação das autoridades competentes: Polícia Federal e o Ministério Público Federal. Nela há informações de que o fundo de pensão teve alguns problemas não esclarecidos durante a gestão do senhor Walter Carvalho Parente, o interventor nomeado pela Previc.

A “fonte” autora do e-mail é anônima e mesmo que não fosse eu não divulgaria o nome dela jamais, nem em juízo.

Porém fica claro que pertence aos quadros do fundo de pensão devido ao conhecimento que tem sobre a entidade. O teor completo da denúncia somente revelarei em momento oportuno. Mas deixo aqui alguns pequenos trechos que mostram o potencial explosivo do seu conteúdo:

“Um dos mais fortes e prejudiciais indícios foi o saque feito de um dos fundos de bolsa do SERPROS dias antes (do fim da intervenção) e que reduziu em R$ 70 milhões o volume de recursos em renda variável. Se o processo não estava pronto, porque sacar os recursos, já se sabia de antemão quem receberia e ganharia? Porque, após um ano de intervenção, esse processo foi finalizado às pressas? O saque atabalhoado dos R$ 70 milhões fez com que o SERPROS deixasse de ganhar com a alta das bolsas, prejudicando os participantes, quem será responsabilizado por isso?”

A denúncia não para por aí. Segundo essa mesma fonte, pelo menos R$ 1 bilhão foi manipulado pela equipe do interventor em compra e venda de títulos públicos federais, porém de uma forma estranha aos padrões e procedimentos supostamente adotados pelo SERPROS, segundo conta o referido e-mail:

“Ao longo do período de intervenção o SERPROS operou mais de R$ 1 bilhão de reais em títulos públicos federais. Cerca de 45% das operações foram feitas em uma distribuidora de valores de pequeno porte, sem processo seletivo. NUNHUMA VEZ EM LEILÕES DO BANCO CENTRAL. Ao invés disso, em datas próximas aos leilões, o SERPROS comprava e vendia os títulos públicos nessa distribuidora. EM VÁRIOS DOS DIAS ATÉ AGORA AUDITADOS O SERPROS ADQUIRIU OU VENDEU NOS PIORES PREÇOS PRATICADOS”.

Num segundo e-mail, essa mesma fonte me esclarece quem seria a tal distribuidora de valores de pequeno porte, que concentrou 45% das transações de títulos públicos em nome do SERPROS.

“A distribuidora de valores onde foi feita a concentração dos títulos públicos foi a Renascença DTVM, indicada pelo assessor de investimentos contratado pelo interventor, sr. Helio”. 

gloria-guimaraesEssa suposta auditoria interna aparentemente ainda está em andamento, mas poderá ser abortada a qualquer momento.

Os diretores nomeados pela patrocinadora, o Serpro, correm o risco de serem afastados por ordem da presidente da estatal, Glória Guimarães.

Glória estaria disposta a atender pedidos feitos pelos conselheiros deliberativos Luiz Antonio (Gato) Martins e Mauro Simião, eleitos com o apoio da ASPAS e da FNI.

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Nos últimos dias ganharam o reforço político de Vera Guasso, presidente do SINDPD-RS, um dos braços sindicais que sustentam a FNI – Frente Nacional dos Trabalhadores em Informática. Essa entidade foi criada por sindicatos de oposição a Fenadados, vinculados ao PSTU.

Portanto, o motivo da pressa em derrubar a atual diretoria do SERPROS é político. Os diretores foram nomeados na gestão do ex-presidente do Serpro, Marcos Mazoni, que é do PT, partido que controla a Fenadados.

O problema é que essa briga política pode estar servindo de cortina de fumaça para encobrir coisas estranhas que andaram acontecendo nos bastidores do SERPROS durante a esquisita intervenção sem resultados promovida pela Previc.

Não seria melhor neste momento Gato, Simião e a presidente do SINDPD-RS, Vera Guasso, recolherem as armas e pararem de pressionar Glória Guimarães para tomar a decisão de demitir a diretoria, só porque foi nomeada pela gestão anterior do Serpro?

* Pergunto: por que tanta pressa em derrubar uma diretoria nomeada por Mazoni, que parece estar encontrando indícios de que os interventores podem ter causado um mal muito maior do que os resultados que prometiam obter com a intervenção no fundo de pensão?