Fica, vai ter bolo! Como empresas de TI estão fazendo para manter seus talentos

Pesquisa revela que mais de 70% dos profissionais da área querem mudar de emprego; com mais vagas do que profissionais qualificados no mercado, gestores fazem malabarismos para formar e manter suas equipes

Parece até uma realidade alternativa. E, de fato, é mesmo. Enquanto o Brasil registra a taxa de 11,1% de desemprego, a área de TI experimenta uma inversão, onde os profissionais qualificados podem “escolher” seus trabalhos e os empregadores traçam estratégias para mantê-los em suas empresas.

Essa realidade só é possível em razão de uma conta que não fecha: existe uma demanda crescente por profissionais de tecnologia e pouca mão de obra qualificada.

Um estudo recente publicado pela Brasscom indica que cerca de 53 mil pessoas são formadas por ano em cursos de perfil tecnológico e há uma demanda média anual de 159 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação, o que traz um grande desafio para o Brasil.

O relatório estima que as empresas de tecnologia demandarão 797 mil talentos de 2021 a 2025. No entanto, com o número de formandos aquém da procura, a projeção é de um déficit anual de 106 mil profissionais – 530 mil em cinco anos.

“O resultado deste desencontro é a valorização dos profissionais que estão sendo cada vez mais disputados pelas grandes corporações que precisam de seus serviços para continuarem expandindo seus negócios”, relata Alan Batista, CEO da Rebase.

Cultura e ações para a manutenção de talentos

Mais valorizados do que nunca, os profissionais de TI que possuem uma boa qualificação estão na posição de poder escolher onde e como trabalhar. É o que revela a pesquisa da Gartner realizada em 2021 que constata que no cenário global, apenas 29,1% dos trabalhadores da área têm intenção de permanecer em seus empregos atuais; já na América Latina os números são ainda mais expressivos registrando uma taxa de 26,9% de profissionais que não pretendem continuar onde estão.

Atentas a isso, as lideranças têm se reinventado para não se desfalcarem nessa dança das cadeiras. É o caso da Rebase, empresa de desenvolvimento de softwares que percebeu que desenvolver uma cultura de empresa mais inclusiva pode estimular mais seus talentos a ficarem.

“Temos uma formação forte para quem inicia conosco, intensiva nos primeiros 45 dias e imersiva a partir disso. Tratamos todas as pessoas da mesma forma, sem distinções de júnior, pleno e sênior, isso permite que a pessoa recém chegada possa trabalhar em tarefas de qualquer complexidade e com o suporte de todo o time, tornando o nosso ambiente um lugar seguro para se trabalhar”, explica Batista.

Já a Guiando, empresa especialista em desenvolvimento de tecnologias inteligentes para Telecom e gestão automatizada de faturas, criou um programa de gamificação para bonificar seu time. Assim nasceu o “For You”, uma espécie de rede social interna que premia e reconhece as melhores iniciativas de seus funcionários.

No “For You” qualquer colaborador da equipe pode reconhecer outro colaborador através de um post, onde todos podem interagir para gerar engajamento.

Eduardo Camargo, da Guiando

Segundo o CMO da Guiando, Eduardo Camargo, os gestores, por sua vez, tomam conhecimento dessas iniciativas e podem premiar com pontos que são trocados por itens e experiências no marketplace da plataforma. “Cada ação conta nessa dinâmica que tem por objetivo promover a troca e estimular o time, até mesmo os anos de casa são convertidos em pontos que se multiplicam a cada novo ciclo que o funcionário permanece na empresa. Percebemos um aumento significativo na nossa cultura, retenção de talentos e comunicação interna desde que passamos a reconhecer publicamente as boas iniciativas de nosso time”, explica.

Manifesto Tech

Por conta das adversidades do setor, lideranças de tecnologia se uniram para iniciar um movimento a fim de encontrar formas de lidar com a forte expansão da área e o déficit de profissionais capacitados.

Assim surgiu o “Manifesto para o mercado de tecnologia brasileiro”, um documento assinado por 23 líderes do segmento, que destaca a importância da contratação de profissionais em desenvolvimento, e não apenas de quem já possui experiência. O objetivo desta iniciativa é promover mais inclusão e um crescimento saudável para pessoas, empresas e mercado.

Victor Cavalcante, da Lambda3

“Essa é uma corrida por talentos que a gente não está conseguindo vencer. As próprias organizações não tem se preocupado em formar profissionais de início de carreira, privilegiando somente pessoas com mais experiência de mercado. Também é preciso mais incentivo de políticas públicas que auxiliem a entrada no mercado.”, explica Victor Cavalcante, representante e CSO da Lambda3, organização que também assina o Manifesto Tech.

Em um das ações que precederam o Manifesto, o programa “Devs do Futuro” da Lambda3, desenvolve um ambiente de aprendizado e experimentação que tem criado oportunidades para pessoas que desejam trabalhar com desenvolvimento de software. O objetivo é democratizar o acesso e oferecer oportunidades a profissionais em transição ou início de carreira. A empresa espera formar 40 profissionais esse ano, que atuarão em seus times de produtos digitais.

“É de suma importância para a Lambda3 fazer parte deste Manifesto e constatar que iniciativas que já tomávamos de forma genuína ao longo de nossa trajetória estão sendo abraçadas por outras corporações que entendem a importância de se criar ações para promover mudanças que facilitem o acesso de profissionais em desenvolvimento a empresas”, conclui Cavalcante.

* Fonte: Assessoria de Imprensa.