Ao falar na Comissão de Fiscalização Financeira e de Controle da Câmara dos Deputados, o ministro do TCU, Aroldo Cedraz, foi taxativo: as metas de disseminação do 5G no Brasil previstas pela Anatel em 2022 serão “para inglês ver”.
Este blog arriscaria ir além: toda a pressa na adoção desta tecnologia no ano que vem só servirá para uma coisa: reforçar discurso de campanha eleitoral.
A Anatel considerava que apenas 60 municípios brasileiros entre os mais de 5.500 seriam efetivamente “rentáveis” para as operadoras explorarem o serviço 5G. Por conta disso, também estipulou metas de abrangência que são “de pai para filho”.
Ao ponto de que em 2022 a capital do país somente terá a cobertura 5G na área central da cidade (no corpo do avião, e parte das “asas”). Brasília, segundo o IBGE tem o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB), então como poderia se considerada “não rentável”?
Talvez isso se explique pelo fato de que nos compromissos do edital, as operadoras móveis serão obrigadas a construir uma rede privativa para o governo, o que deixaria um mercado altamente consumidor de fora desta contabilidade das empresas. A rede privativa foi questionada por Cedraz ainda quando o edital circulava no tribunal.
Segundo ele, não havia o “interesse público” usarem recursos de um leilão para a construção dela. Mas o ministro foi voto vencido dentro do TCU, que entendeu, num conceito bastante elástico, de que essa rede servirá para o governo manter contatos com o cidadão e isso, por si só, já denotaria o “interesse público”.
Por conta desta rede privativa ou não, o fato é que Brasília passou a ser “não rentável” e fora do mapa do avião a cobertura 5G (nas demais regiões do Distrito Federal) somente chegará em 2025. Agora fica a indagação: se a capital não é “rentável”, o que dizer das demais cidades-satélites que orbitam Bras´ilia?
As previsões de cobertura são sombrias. Pelos mapas do ministro Aroldo Cedraz, os indicativos são de que essa cobertura pode chegar em 2025. Pode, mas não para todos e nem todas as cidades-satélites. O ministro do TCU disse que as duas maiores, Taguatinga e Ceilândia, não tem previsão clara de receber os benefícios desta tecnologia tão cedo.