Tava com os dedos coçando para escrever desde que surgiu o tal escândalo do “tráfico de influência” de Cristina Boner Leo, da Globalweb, a empresária que teria lucrado milhões de reais no governo através de tráfico de influência. Isso devido ao ex-marido e Advogado Frederick Wassef, que atuava na defesa para a família Bolsonaro em alguns processos judiciais e foi flagrado escondendo o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, o PM aposentado Fabrício Queiroz, do escândalo das rachadinhas na Assembléia do Rio de Janeiro.
Mas preferi esperar pela decisão proferida ontem (24) pela 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), que por unanimidade absolveu Cristina Boner no famoso escândalo do “Mensalão do DEM” do Distrito Federal, a “Operação Caixa de Pandora”. Os detalhes foram dados em primeira mão pelo jornal Correio Braziliense.
Esse escândalo do mensalão dava o suporte político necessário para que a imprensa em geral cravasse agora sem contestações: Cristina Boner faz “tráfico de influência” no Governo Bolsonaro através do seu ex-marido, porque ele presta serviços para a família do presidente e ela já tinha “antecedentes criminais” desde que se envolveu na “Operação Caixa de Pandora”.
Durante 11 anos Cristina Boner conviveu com essa marca na sua história como empresária de Tecnologia da Informação; uma das poucas mulheres que ainda sobrevive nesse mercado. Por várias vezes fui testemunha de comentários como, “Cristina Boner é corrupta, financiava políticos do Distrito Federal em troca de contratos”. Esse inferno em sua vida, ao que parece, acabou para ela. Mesmo que haja recurso aos tribunais superiores é pouco provável que ministros nesses tribunais revertam uma decisão unânime tomada pelo pleno da primeira instância, segundo avaliam alguns advogados.
Então, dentro das atuais circunstâncias, aproveito para levantar o seguinte debate com base na indagação que fiz no titulo acima. Qual será a próxima pauta?
A meu ver, como jornalista que gosta de investigar assuntos de tecnologia, embora não me considere um “jornalista investigativo”, a próxima “pauta” será no Tribunal de Contas da União. Foi lá que o Ministério Público junto ao TCU atraiu para si o encargo de investigar as notícias publicadas pela imprensa em geral. Agora tem o dever de confirmar ou negar se Cristina Boner praticou o suposto tráfico de influência em contratos com o governo.
Minha única sugestão ao caso é que o TCU também não leve mais 11 anos para proferir a sua “sentença”. Porque isso poderá significar a médio prazo a quebra da empresa e o fim do emprego de centenas de trabalhadores que prestam serviços à empresária. Nenhuma empresa no mundo suporta tanto tempo um massacre midiático como esse que a Globalweb vem sendo submetido.
Nestes últimos 11 anos o que assisti na cobertura de Tecnologia foi a empresa perder diversos contratos e até a autorização para revender soluções da Microsoft, justamente por conta do estigma “Caixa de Pandora”.
Aliás, esse será um capítulo que farei questão de acompanhar daqui para a frente. Quero saber como a multinacional reagirá ao tomar conhecimento de que jogou aos abutres uma empresa que impediu de revender suas soluções no Brasil. Aliás, a mesma empresa que praticamente abriu o mercado brasileiro para ela nos anos 90.
A Globalweb, pelo que tenho lido no “rodapé” de reportagens bombásticas na imprensa, sempre tem declarado que não cometeu tal crime. Ao contrário, afirma que vem sofrendo prejuízos no Governo Bolsonaro. Então alguém tem de por alguma luz sobre esse episódio.
*E nada melhor que seja o órgão de controle.