O “novo normal”

Esse é o desabafo de um funcionário de um banco público, que está sendo pressionado a voltar ao trabalho dentro da empresa apesar dos riscos que possa oferecer. Por razões óbvias não pode ser identificado. Vale a leitura.

“Trabalho em um banco público, na área de tecnologia.

Desde março estamos trabalhando em home office. A jornada de trabalho não tem sido menor do que 10h, para atender a todas as mudanças que a pandemia trouxe, mas tem sido bom ter algo para ocupar a cabeça.

Não houve problemas para adaptar nosso trabalho a esse modelo, com exceção de reuniões presenciais todo o trabalho já era meio remoto mesmo.

Acontece que banco público tem presidente indicado pelo governo.

Ontem recebemos um comunicado: o trabalho remoto autorizado até 30/06 havia sido suspenso, deveríamos voltar às nossa mesas na empresa.

Voltar às mesas para fazer reuniões virtuais estando fisicamente lá. É o que querem.

Não traz benefícios ao trabalho, não tem sentido e tem inúmeros pontos contrários, que não vou perder tempo aqui listando. Todos já sabemos o que significa ser obrigado a “voltar à normalidade”.

Acontece que o governo quer apoio de seus súditos na cruzada contra a razão e o bom senso que vem fazendo. Então intimida seus indicados com “A Caneta”. Covardes e egoístas que são, aceitam tudo para manter um cargo, até mesmo colocar na rua seus funcionários sem nem ao menos testá-los antes.

Eu tenho uma opinião bem forte sobre isso, sobre esses gestores que obrigam ao retorno sem motivo: toda sequela, toda morte, em empregados, seus familiares, pessoas de serviços essências…tudo passa a estar na conta deles, que se vendem, se intimidam, se acovardam de trás de suas mesas. Medo Da Caneta, medo de perder poder, medo de perder dinheiro…mas não há medo nenhum pelo sofrimento dos outros.

Aí você lê uma matéria na CNN, um presidente de um banco diz: “Vamos expandir o home office para depois da pandemia”. Você, de fora, deve ter pensado que isso é uma puta evolução de um banco público… bom, esse é um governo ótimo em falar A para o público e fazer B quando não tem ninguém olhando…”