A direção da Dataprev recuou e mudou o edital do concurso para preenchimento imediato de 222 vagas, sendo 170 na área de TI. O anúncio foi feio hoje com a publicação do edital nº 2 no Diário Oficial da União. O concurso também prevê a formação de cadastro de reserva com 2,2 mil inscritos.
A decisão foi tomada em função da pressão exercida pelo Ministério Público Federal, que recomendou a realização do concurso em todos os estados e não apenas nos locais onde estão os escritórios regionais da estatal.
Em paralelo, a diretoria também vem sofrendo a pressão de uma greve – que seria a primeira de uma estatal de TI no Governo Lula – por falta de apoio dos trabalhadores à proposta de Acordo Coletivo de Trabalho da empresa. Os trabalhadores rejeitaram a proposta da Dataprev e a maioria já aprovou o “estado de greve”.
O problema nem seria tanto a questão salarial. Há um temor entre os trabalhadores, por conta da direção da empresa não estar sendo clara e se comprometendo publicamente com a manutenção dos empregos dos funcionários que estão em home office e podem passar para um modelo híbrido. Sobretudo no caso dos trabalhadores que estão em 20 estados que a Dataprev extinguiu os escritórios regionais. O temor da demissão é maior.
Num eventual modelo híbrido o que seria feito deles, que já não contam com escritórios regionais? Na primeira tentativa de um acordo a direção sinalizou que esses trabalhadores seriam deslocados para os estados onde ainda estão funcionando os escritórios regionais.
Mas quando indagados o que seria feito com aqueles que não tivessem interesse de trabalhar longe do seu estado de origem; se seriam mantidos pela empresa em regime de home office ou deslocados para trabalhar para o INSS, por exemplo, a direção não respondeu, preferiu jogar no dúbio, criando uma situação de insegurança.
Em várias assembleias regionais os trabalhadores aprovaram o “estado de greve” em apoio à manutenção do emprego dos mais de 400 funcionários dos 20 escritórios extintos. Porém em alguns casos os trabalhadores não deliberaram sobre essa proposta, por temerem represálias do INSS que os chamou para prestar serviços.
Já houve um movimento similar na Dataprev, que foi inédito para a estatal. Ocorreu durante o Governo Bolsonaro, quando os funcionários entraram em greve geral, paralisando até as atividades nos datacenter. Desesperada com tamanha reação, a diretoria na época recuou na intenção de prosseguir as demissões nos escritórios extintos.