Por Gilberto Lima Jr – Em 2018, nem o meu mais profundo devaneio futurista, foi capaz de supor o que viria pela frente em 2020 e 2021. Na minha deliciosa vidinha “normal”, fui curtir um dos entretenimentos que mais aprecio: uma Bela e Confortável Sala de Cinema!
Na Tela: Futuro e Ficção Inteligente, assinados por ninguém menos que Steven Spielberg: “Jogador Número 1” (trailler no final do artigo). A experiência escancarou na minha frente, o impacto que a realidade aumentada, a realidade virtual e a própria holografia provocaria na humanidade e sai com a sensação de que a transição humana para este estado de profunda distração, de ópio digital, levaria uns muitos bons anos, mas que chegaria um dia. Óculos e games de realidade virtual e aumentada já tinham seus ensaios, com destaque para o Google Glass que se revelou muito à frente de seu tempo, não emplacou.
Contudo, a Era Transmídia avança, segue com muitas novidades e nos fará rir muito nos próximos anos. Os Óculos VR atuais nos fazem lembrar os Tijolões (celulares) do passado e lá na frente serão Memes; os avatares quadrados da Second Life e Caça a Pokemóns serão lembrados como experiências ancestrais das Realidades Aumentadas e os projetores holográficos com seus painéis espelhados estarão expostos nos museus (virtuais é claro).
Metaverso! Que palavra ou melhor, que novo negócio disruptivo é este considerado estratégico para as “Big Techs” e que já movimenta novos US$ bilhões?
Estariam os “players” atuais, preparados para a liderança desta que é chamada de a Nova Rede Mundial de Internet? Pronunciamentos recentes de Mark Zuckerberg (Facebook), Satya Nadella (Microsoft), David Baszucki (Roblox), Shar Dubey (Match Group) etc demonstram que a corrida já começou e inclui possíveis competidores asiáticos.
A menção ao filme “Jogador Número 1” é interessante para termos referência de um Metaverso, espaço imersivo onde “Realidades” se confundem e congregam tecnologias cada vez mais sofisticadas e de forma convergente: Inteligência Artificial, Bots Sociais, Computação Quântica, Assistentes Virtuais, Comandos de Voz, Blockchain, Criptomoedas, Games, NFT´s, Nuvem, IOTs, Wearables Technologies (tecnologias vestíveis), 5G, Stream, E-Commerce etc.
No Metaverso, a Palavra de ordem será: Interação imersiva, onde estudar, “viajar”, trabalhar, namorar (em todos e com todos os sentidos), comprar, vender, trocar, exercitar, ler, cantar, dançar etc não terão limites de tempo e espaço geográfico.
Estaremos imersos com o apoio de óculos, implantes ou sei lá o quê! A diferença entre estas possibilidades da internet como a conhecemos hoje e este grau profundo de virtualização previsto no Metaverso, está na multidimensionalidade. Nossa experiência atual se condiciona e se limita as telas, ou seja, a uma experiência bidimensional, enquanto o porvir promete nos colocar num espaço que vai muito além da tridimensionalidade. O que nos aguarda pretende transcender as percepções humanas dos 5 sentidos e as limitações da vida tridimensional (largura, profundidade e altura).
O universo dos games e o próprio mundo imersivo se projetam pelo córtex cerebral que é incapaz de distinguir o que é uma imagem pensada, vista ou virtualizada, ativando as reações bioquímicas do corpo igualmente, proporcionando sensações únicas, como voar, saltar, transpor mundos etc. Já desceu uma montanha russa utilizando um VR?
Com o tempo não entenderemos como era possível viver a vida percebida e manifestada com as restrições biológicas dos 5 sentidos, assim como as novas gerações se sentem incapazes de imaginar um mundo sem celular e internet. Certamente novos campos profissionais, novos negócios e uma imesidão criativa se abrirá à partir do Multiverso e isso por si é bacana e talvez irrefreável. O que espanta é a orquestração desta Gênesis com outras maluquices biológicas, genéticas e especialmente neurais que vão se conectar com estas novas “orbes cibernéticas”.
Se depender de Elon Musk, o Multiverso contará com uma forcinha de sua Empresa neuralink. Haverá um implante para o cérebro de cada exemplar biológico na face da terra (humanos) para que suas experiências sejam impossíveis de se nominar com base na realidade conhecida até aqui.
Seus implantes cerebrais não nasceram para a imersão no Multiverso mas servirão também a este propósito disruptivo. “A simbiose com a Inteligência Artificial (IA) é importante para se viver na nova “escalada civilizatória”, disse o bilionário. Segundo ele: “no caso de uma IA Benigna predominar na humanidade, a opção de um Implante de Interface Cérebro-Máquina, “permitirá prosseguir com o passeio” em direção a fusão com a IA”, declarou.
Depois de atender os motivos mais imediatos dos problemas cerebrais (doenças), ele prossegue, “poderá se concentrar na mitigação do risco, da ameaça existencial da espécie humana por conta do domínio da IA evitando um imenso poço (abismo) de distância entre a capacidade humana e das máquinas”.
Quando analiso as entrelinhas destas declarações e o avanço exponencial de diversas tecnologias que vão se convergir para viabilizar o Multiverso, começo a compreender melhor algumas previsões antigas dos futuristas mais conectados com a Singularity University na Califórnia, que afirmam há anos, sobre a disrupção na Era do Neohumanismo, relacionada ao processo do trabalho e do aprendizado, por exemplo. Há alguns séculos,as pessoas estudam com vistas a obtenção de um bom emprego que lhes recompense o esforço e o investimento e para garantir uma “vida melhor”. Portanto, estudamos para trabalhar melhor e progredirmos. No Futuro, prosseguindo neste ritmo de avanço exponencial, a situação se inverterá, ou seja, será preciso trabalhar para atualizar suas versões de conhecimentos, habilidades e possibilidades, diretamente no campo holográfico de seus cérebros e mentes, sob pena de se tornar uma versão obsoleta.
Os queridos leitores sabem que este Blog não tem a finalidade de ovacionar a tecnologia e idolatrar seus protagonistas, mas de atualizá-los sobre esta corrida tecnológica impossível de se acompanhar no dia a dia que vai desde o Espaço Sideral profundo, às novas Explorações dos Oceanos Profundos; Da computação binária para a quântica, das tecnologia vestíveis, às embarcadas no corpo ou mesmo do DNA para a Holografia Pineal.
Nossa abordagem humanista exige a reflexão ética e os contrapontos urgentes frente ao atropelo que se verifica. Afinal, existe livre arbítrio na Era Digital? Existirá na Era Pós-Digital?
Quando se estuda a mente para além do cérebro e se dispõe a ir mais fundo na “toca do coelho” e lidar com os aspectos transcendentes da “Consciência”, sabe-se que a definição de “Realidade” é totalmente efêmera.
O aspecto metafísico da Vida ou Consciência, jamais será apropriado por qualquer simulação por mais avançada que seja, cujos parâmetros são meramente funcionais. O cérebro pode ter o seu funcionamento hackeado, mas qualquer ente que o replique artificialmente não é um cérebro biológico em si. Sua complexidade não linear não pode estar a serviço do interesse funcional daqueles que pretendem controlá-lo por meio de sistemas de escaneamento, análise de padrões e replicações de funcionalidades. O reducionismo de Descartes (visão cartesiana, fragmentada, seccionada da Vida), reforça o padrão mental dos idólatras da neuroanatomia cerebral que enxergam em seu funcionamento a resposta absoluta para o controle da vida e mais uma vez distanciam-se da Totalidade do Ser, da Visão Sistêmica e Holística do Todo da Vida.
Intuição, Fé, Esperança, Lembrança, Empatia, Compaixão, Solidariedade, Amor, por mais que venham a ser imitados, por uma reprodução andrógena, nunca será genuína. Consciência é algo que remete a existência e a repetição de muitos fenômenos mentais. Com base na enciclopédia de filosofia da Universidade de Stanford, é consciente o sistema cognitivo que sente e reage ao mundo. Além de estar consciente por si, precisa estar consciente de que está consciente. Seria este o caso dos sistemas holográficos que prometem o “brain upload” nome dado a transferência da mente humana para um Computador Quântico?
2045
Aliás, o Filme “Jogador Número 1” reproduz uma pseudorealidade vivida justamente no ano de 2045, quando os visionários da Singularity University, afirmam que atingiremos o ápice no Jogo da Vida: “A Imortalidade”. Teremos os primeiros seres humanos “transferidos” para um universo computacional quântico a gozar do paraíso holográfico, sem a necessidade do corpo biológico ou ciborgues de qualquer espécie, inaugurando o que se poderia chamar de a Era do “Homo Digitalis”. Será???
Que nestes próximos 24 anos os valores mais sublimes de nossa natureza humana como solidariedade, compaixão, respeito, amor, alegria, empatia e sensibilidade nos permitam sim a Transcendência, mas não a computacional, viabilizada pela Inteligência Racional que nos leva à Inteligência Artificial, mas antes, pela espontânea Tecnologia Embarcada em nosso âmago, chamada Inteligência Espiritual!
*Gilberto Lima Jr Consultor, Futurista, Autor e Palestrante.