A partir de agora, quando se for comentar a questão do Brasil escolher a melhor tecnologia para a 5ª geração da telefonia móvel (5G) será preciso levar em conta o que pensam os diretores da ANPD – Autoridade Nacional de Proteção de Dados, em relação ao assunto. Uma decisão sensível que está sendo protelada para o ano que vem e até então era uma prerrogativa apenas da Anatel.
Deixou de ser.
Com três militares na direção da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), sendo que um é oriundo do Departamento de Segurança da Informação do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, a discussão do 5G ganha um novo personagem dentro do governo.
Que certamente irá cobrar a presença no processo de escolha do modelo tecnológico, um tema que não poderá mais ser tratado apenas sob a ótica comercial. A questão da Segurança Nacional e a Soberania dos Dados entrarão obrigatoriamente nessa pauta.
Portanto, as escolhas do presidente Bolsonaro para a ANPD não foram aleatórias, apenas com o interesse de acomodar amigos militares no órgão. Também não se trata de uma “birra” presidencial. Qualquer manifestação rasa nesta direção é no mínimo desconhecer o que está em jogo.
Bolsonaro até agora vinha sinalizando que não quer a tecnologia chinesa no 5G. Mas o seu discurso não continha conteúdo técnico, e isso deixava transparecer que era apenas uma manifestação ideológica. Agora com a ANPD ele terá essa camada no seu discurso. Até para, se necessário, poder confrontar com embasamento técnico, eventual pensamento da Anatel que seja favorável à presença da tecnologia chinesa no mercado brasileiro.
*Vai ser muito interessante assistir o comportamento da ANPD nessa questão.