Fábio Faria: um ministro sem pasta e sem voz, num setor cheio de expectativas

Depois de duas semanas, a Imprensa continua aguardando que Fábio Faria assuma o recém recriado Ministério das Comunicações. E fale de seus planos, sua estratégia para o Setor de Telecomunicações e Radiodifusão. Até agora Fábio deixa transparecer que ganhou um presente, mas ainda sabe como montar as peças, pois não veio junto o manual.

Tem se limitado a encontros com representantes de empresas e outros integrantes do governo, além de passar o dia no Twitter tratando de assuntos que fogem à sua alçada. Alguém disse para ele que é seu papel ser o Dom Quixote da Comunicação do Governo.

Falta estrutura para Fábio comandar. Deve estar sendo muito difícil lá na Casa Civil da Presidência da República, alguém achar num gaveta qualquer um velho decreto que tratava da antiga estrutura do Ministério das Comunicações, para adaptá-lo aos dias de hoje.

Mas há coisas que o novo ministro poderia estar fazendo e não faz. Por exemplo, conversar com a Imprensa interessada na cobertura do seu ministério. Falar dos seus planos, daquilo que será possível implementar e não apenas dos seus sonhos.

A pandemia nos mostrou uma outra realidade para o Brasil nos próximos meses. Então que tal iniciar um debate público sobre o que será factível fazer diante das circunstâncias econômicas que deveremos atravessar?

Depois de 22 anos cobrindo este setor, é a primeira vez que vejo um ministro das Comunicações assumir o cargo e não falar com a imprensa especializada sobre a sua pasta. Tem preferido postar no Twitter coisas que os outros estão ou não fazendo, a falar dos seus planos de governo.

E aí ministro?

1 – O senhor é à favor das privatizações dos Correios e da Telebras?

2 – O senhor entende que ainda este ano devemos realizar o leilão do 5G?

3 – O senhor excluiria os chineses do futuro mercado 5G no Brasil?

4 – Qual o seu plano de inclusão digital para o país?

5 – O senhor sabia que em meio à pandemia cerca de 10 mil postos de saúde não tem conexão com Internet?

6 – Igualmente temos em torno de 1 milhão de alunos universitários que não têm um plano de dados que possa assistir aulas online nas Universidades e institutos de pesquisa?

7 – O senhor ao menos sabia que esses dois assuntos acima são da sua alçada?

8 – Qual será o papel da radiodifusão na sua gestão?

9 – O senhor agirá nessa área de acordo com o que o seu sogro pensar?

10 – E a Comunicação do governo? O senhor vai liberar publicidade para a imprensa “desafeta” de Jair Bolsonaro?

11 – O senhor será o ministro que vai continuar irrigando o “gabinete do ódio e as milícias digitais” com verbas publicitárias?

Essas são algumas perguntas, algumas poucas dúvidas que pairam sobre a sua futura gestão.

*Quando o senhor pretende vir à público respondê-las?