Acabei de bloquear uma pessoa no LinkedIn. E daí?

E daí que foi a segunda desde que entrei nesta rede social há alguns anos. A primeira bloqueei a pedido dela mesmo. Por não concordar com as minhas publicações, se deu ao trabalho de anunciar que deixaria de me seguir.

Acho tão esquisito isso, de a pessoa procurar outra simplesmente para anunciar: “olha eu, que já não te conhecia pessoalmente, que nunca conversamos frente a frente, decidi que não vou mais continuar a ler o que você escreve aqui”.

Isso deve ter algum efeito psicológico revelador, que eu desconheça. Esse “poder” de clicar num botão e deixar de seguir alguém deve causar algum tipo de prazer libertador que eu ainda não consegui experimentar, já que somente bloqueei duas pessoas nesta rede.

Eu só bloqueei essas pessoas para poupá-las do trabalho e do constrangimento de me lerem por intermédio de terceiros. Acredito que seria frustrante para elas continuarem me lendo, porque algum amigo comum curtiu algo que escrevi. Foi melhor satisfazê-los plenamente.

Já o segundo bloqueado nem tinha relacionamento algum comigo. Acho que sequer sabia da minha existência. Eu, com toda certeza, não conhecia essa pessoa. Sua postagem caiu na minha linha do tempo por compartilhamento de outra pessoa, que acredito que ainda goste de ler algumas coisas que escrevo. Certamente não todas.

Tomei a decisão de também bloqueá-lo a pedido dele mesmo, ainda que não tenha sido diretamente endereçado para mim. Em sua postagem compartilhada ele deixou claro que tem aversão a “esquerdistas e petistas”, que é um sujeito “cristão”, de “família”, “trabalhador”, “honesto”, etc…

Ou seja: ele é tudo aquilo que supõe que eu e outros milhões de brasileiros não somos, porque ele nos rotulou de “esquerdistas”. Creio que para ele isso torna difícil qualquer tipo de convivência no mesmo tempo e espaço, quem sabe até dimensão.

Fico imaginando o que ele não faria, se houvesse alguma lei que lhe facultasse o direito de eliminar fisicamente aqueles que forem contrários ao seu padrão de vida, ou a sua linha de pensamento.

Eu não sou petista, não tenho ficha de filiação a partido algum e se me virem entrando na sede de alguma agremiação político/partidária por favor chamem a “carrocinha”.

E muito menos sou um “esquerdista” no estrito sentido da palavra, definido por alguém que se considera de “direita” por ser “cristão”. Já votei no PMDB, PSDB, PDT, PT. E, pasmem senhores de bem e tementes à Deus: sou filho de militar, que já estudou em colégio militar. Só não votei no PDS porque esse partido nunca deixou eu votar.

Eu nunca votei levando em consideração partidos políticos e programas de governo. Porque por dever de ofício, sempre desconfiei que em papel cabe tudo, até promessas de campanhas absurdas e que jamais serão cumpridas.

Votei em políticos que acreditei que fariam o possível, não o imaginário, num país de milhões de analfabetos, que é desigual e socialmente injusto, no qual a Educação nunca foi prioridade.

Não me arrependi.

Como jornalista, hoje em dia optei por escrever e relatar o que vejo, sem deixar de colocar o que penso em relação ao assunto. Depois de anos escrevendo o que o patrão mandava por força de um contrato de trabalho (não confunda com escrever o que o patrão gostaria, porque este é muito mais um bajulador do que um jornalista) decidi que alguém precisa colocar o bode na sala, para que todos saibam que há um bode na sala.

Até quando vou continuar escrevendo? não sei.

A sobrevivência do jornalismo está em jogo. Ninguém mais quer anunciar em jornais, revistas, blogs, e mesmo em rádio e TVs. Hoje um menino de 15 anos que escreve numa rede social ou faz um vídeo vendendo alguma porcaria, vale 10 vezes mais do que um jornalista que escreva que a Microsoft perdeu um contrato de R$ 1 bilhão no TJSP, porque simplesmente tentou forçar um contrato que todos sabiam ser imoral, pelos argumentos que foram usados para justificá-lo como compra de serviços.

Hoje o superficial é o que importa. Os “likes” definem a influência e relevância da informação.

Então sigo daqui sendo qualificado como “esquerdista” quando aponto a minha “pena” para algumas ações desse governo ou de qualquer governo, e de “bolsominion” quando mostro o que petistas ainda andam aprontando, num governo do qual já deveriam ter desembarcado. Ou no mínimo terem ficado quietos e não tentarem agora parecerem aquilo que não são.

Já o “amigo” que nunca foi e agora pediu para sair de onde nunca entrou, seja feliz sendo um fiel representante dos “homens de bem”.