A matemática política de Fabio Faria na guerra de narrativas sobre vacinações

O ministro do Twitter e das Comunicações, Fabio Faria, ataca novamente. Desta vez foi na CNN. Em entrevista ao canal ele decidiu contestar a lógica estatística mundial, e voltou a alegar que o Brasil é o quarto país a vacinar mais brasileiros no mundo contra o Covid-19.

Tudo, para rebater a acusação feita ontem pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, que pediu recursos para vacinas contra a covid-19 ao Ministério da Saúde em julho de 2020 e ficou sem resposta. Teriam sido 60 milhões de doses e o Brasil poderia ter sido um dos primeiros no mundo a vacinar. Aa vacinas seriam entregues no último trimestre de 2020.

Contestado pelo âncora sobre o fato de proporcionalmente à população, o Brasil estar muito abaixo desse ranking, Faria manteve a narrativa bolsonarista: o que vale é quantos foram vacinados e não o que esse número representaria percentualmente no total da população.

Pessoalmente o ministro pode pensar o que quiser, mas como homem público não pode distorcer os fatos. Os dados apresentados pela organização Our World In Data mostram claramente que não se pode comparar número de vacinados com a proporção da população vacinada.

Por exemplo, a Índia vacinou 201,2 milhões de habitantes, enquanto que o Brasil vacinou “apenas” 65,27 milhões. Então, isso significa que a Índia vacinou mais que o Brasil? Não.

Em relação à sua população, a Índia vacinou apenas 11,51% dos 1,366 bilhão de habitantes. Já o Brasil vacinou 20,57% da sua população de 211 milhões. Da mesma forma, países da Europa como disse o ministro, já vacinaram mais que o Brasil, proporcionalmente em relação às suas populações.

Então o ministro está distorcendo os fatos com números absolutos, para justificar uma lentidão na vacinação brasileira, ocasionada pela incompetência do Ministério da Saúde de não ter se programado mais cedo e contratado vacinas quando foram oferecidas ao Brasil pelos laboratórios farmacêuticos.

Mas, e sempre há um mas…

Quando se trata de atacar o governo de São Paulo, o ministro das Comunicações inverte essa lógica e passa a adotar o critério da proporcionalidade para atacar o desafeto do seu presidente, o governador João Dória. Tudo, é claro, em nome da “simetria política”:

*Fabinho…