O desabafo de Baigorri

O conselheiro da Anatel e relator do edital do leilão das frequências do 5G, Carlos Baigorri, está inconformado com o comportamento das operadoras móveis, no tocante delas estarem se queixando na imprensa de terem que construir a rede federal exigida em edital.

“Sempre pediram um leilão não arrecadatório. Ora, isso só é possível com muitas obrigações. É uma questão de aritmética. Querem ainda escolher as obrigações que lhes serão impostas?” disparou o conselheiro numa rápida troca de mensagem com este blog.

Na mesma linha, o conselheiro explicou que a decisão de não aceitar que as teles façam upgrade na atual rede 4G para inserir a tecnologia 5G DSS, foi levado em conta que os investimentos não justificariam a Anatel abrir mão de receitas com o preço das frequências.

“Querem que aceitemos investimentos que já foram feitos (rede 4G)? Aí é fácil”, reclamou Baigorri.

*Aqui entre nós, o conselheiro tem razão. No 5G DSS o usuário paga um serviço móvel com cara de Ferrari, mas com o motor de um Chevette. E jogar a culpa na construção da rede federal 5G é um absurdo. As teles passaram boa parte do ano passado pedindo que a Anatel não salgasse o preço do leilão, porque não tinham dinheiro para investir na compra das licenças.

A bronca contra a rede federal só tem uma motivação: o fato da gestão da rede estar sob o controle da Telebras, o patinho feio do mercado de Telecomunicações. As teles têm medo de perder o mercado federal para a estatal. Sem razão, porque não há nenhum comentário de técnicos do governo indo nessa direção.

A compra de serviços móveis sempre foi de livre escolha dos órgãos federais. E um governo que prega a livre iniciativa, não teria cabimento mudar esse princípio.