
O presidente Executivo da Conexis Brasil Digital, Marcos Ferrari, defendeu hoje (30) a urgência de investimentos coordenados em data centers e redes digitais para garantir a soberania tecnológica do Brasil. O executivo também fez um alerta sobre o desequilíbrio na utilização das redes. Segundo ele, cinco grandes empresas concentram 70% do tráfego sobre a infraestrutura de telecomunicações no país e na avaliação das operadoras, elas precisam contribuir mais diretamente para a expansão e manutenção dessas redes.
“Os data centers são o estoque e o processamento; nós somos as veias que conectam um ao outro. Toda vez que alguém faz uma pesquisa no ChatGPT, é pelas nossas redes que a informação circula. Esse esforço precisa ser compartilhado para garantir uma expansão sustentável e segura”, afirmou.
Marcos Ferrari participou hoje (30) do 3º Brasília Summit, evento que reuniu autoridades, empresários e representantes do setor de tecnologia e inovação, promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais.
O presidente da Conexis também disse que o setor de Telecomunicações injeta cerca de R$ 40 bilhões por ano na economia e é considerado um dos motores da nova economia digital. Mas enfrenta desafios ligados à concentração geográfica e à falta de políticas integradas.
Segundo dados apresentados, o Brasil possui hoje 192 data centers, sendo 90% localizados entre Rio de Janeiro e São Paulo. Apesar de liderar a América Latina, essa posição pouco significa em escala global: a região representa apenas 2% do total de data centers existentes no mundo.
“Não basta armazenar dados, é preciso processar dados no país. É aí que está o grande valor agregado dos data centers”, destacou um dos porta-vozes da indústria, apontando o Programa Redata, lançado recentemente pelo governo federal, como oportunidade para transformar o Brasil em hub regional de inteligência artificial e infraestrutura digital.
Impacto econômico
O setor reforçou que os data centers têm impacto direto no desenvolvimento econômico. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada dólar investido no segmento alavanca US$ 27 na economia em outras aplicações, enquanto o emprego em data centers cresce 17% ao ano. Já a expansão da internet das coisas (IoT) pode aumentar a produtividade em até 4,5 vezes sempre que o volume de dispositivos conectados dobra.
Outro ponto central do debate foi o projeto de lei de Inteligência Artificial em tramitação na Câmara. A indústria de telecom defende que a legislação seja flexível para não travar a inovação, mas que também proteja a dignidade humana e os direitos fundamentais.
No caso das empresas do setor, a aplicação de IA tem dois usos principais: otimização das operações internas — considerada de baixo risco — e aplicações similares às de outros segmentos econômicos. “Quando usamos IA apenas para otimizar nossas redes, não pode ser classificada como de alto risco. Trata-se de eficiência industrial que beneficia todo o ecossistema”, argumentou Marcos Ferrari.
Soberania digital
Ferrari elogiou a decisão governamental de criar o Redata, regime fiscal para data centers. Mas alertou que sem uma política nacional robusta, o Brasil continuará dependente de estruturas estrangeiras — como os data centers localizados na Virgínia, nos Estados Unidos, responsáveis por grande parte do tráfego brasileiro.
“A soberania digital que tanto buscamos só virá quando o país concentrar seus próprios investimentos em infraestrutura crítica. O Redata é um bom começo, mas precisa ser fortalecido com coordenação entre governo, Congresso e iniciativa privada”, concluiu o presidente da Conexis Brasil Digital.







