5G e a transformação bancária na América Latina

Por Federico De Simoni* – Algumas pessoas se lembram do seu primeiro celular, da primeira compra online e da primeira transferência bancária online através do smartphone, enquanto, para outras, não haverá essas lembranças, pois já cresceram em um ambiente digitalizado. A empolgação gerada por tecnologias como o 5G nos permite visualizar, bem diante dos nossos olhos, a transição do que nós conhecemos como transformação digital. Mas o que esperar da chegada do 5G e por que esperamos que ele revolucione vários setores da sociedade?

Em primeiro lugar, estamos falando da tecnologia que oferecerá uma velocidade dez vezes mais rápida que o 4G, permitindo maior densidade de conexão em termos de números de dispositivos conectados por uma unidade receptora em menor tempo de resposta. Isso pode ser resumido na disponibilidade de produtos, serviços e experiências. Logo, o impacto será claramente visto nos veículos autônomos e realidades virtuais, nas cirurgias remotas, cidades inteligentes e, claro, no setor bancário. 

O cenário se torna mais promissor quando olhamos para a América Latina, porque até 2025 o Brasil projeta ter a maior proporção de conexões móveis 5G da região, com alcance de 20% do total de conexões móveis do país. Enquanto isso, México e Chile estimam um alcance de 14% cada, o que significa que esses três países se tornarão a maior rede 5G comercial da América Latina em menos de três anos. 

E o fato é de que o Brasil é um dos países com maiores investimentos em leilões de 5G no mundo, com um aporte de US$ 8,5 bilhões para ganhar radiofrequências que proporcionam melhor cobertura e capacidade. De fato, o IDC projeta que, em cinco anos, mais de 80 bilhões de dispositivos estarão conectados a redes 5G, quase 70 milhões a mais do que em 2020.

No setor bancário, especialistas concordam que o 5G irá melhorar a experiência do consumidor, com novas maneiras de oferecer os produtos e serviços aos usuários finais. Além disso, espera-se uma melhoria na infraestrutura bancária. 

O 5G vem acompanhado do edge computing, que irá reduzir a latência da rede, aproximando os serviços aos usuários. Em outras palavras, os nós da rede terão capacidade de computação independente, e as informações não precisarão ir para a nuvem para processamento. Assim, os dados evitarão percorrer longas distâncias, reduzindo a carga de trabalho na nuvem e facilitando análises em tempo real, o que novamente se traduz em imediatismo e algo mais: segurança.

O processo de informação em tempo real permitirá a segurança das comunicações, fator que, para o usuário, determina também a adoção de novas ferramentas. Os mecanismos de segurança dos serviços bancários podem ser aprimorados com tecnologias biométricas mais precisas, com maior capacidade de processamento. Essas verificações podem ocorrer em um servidor, dada a baixa latência e alta velocidade de internet simplificando, assim, a carga de trabalho de processamento de informações de nossos smartphones, o que irá melhorar mecanismos de prevenção de risco e segurança. 

Bancos e cooperativas de créditos irão melhorar o serviço para o consumidor de várias maneiras, desde videochamadas com os clientes para entender melhor suas necessidades e responder em tempo real, até oferecer aplicativos de celular ou experiência em sites com realidade aumentada (RA) e realidade virtual (RV).

Da mesma forma, a tecnologia de aprendizado de máquina irá melhorar com velocidades de rede mais rápidas para que as instituições financeiras possam coletar mais informações sobre cada consumidor, como sua rotina diária, para gerar uma experiência única para o cliente, aproximando-os cada vez mais de uma experiência verdadeiramente personalizada.  

As agências bancárias, sem dúvida, irão melhorar com a implantação do 5G, pois alguém poderá consertar um caixa eletrônico rapidamente, usando óculos de realidade aumentada. Com eles ligados, um funcionário se conectará com um técnico de forma remota que, através da lente da câmera, direcionando as ações para que o funcionário possa consertar a máquina.

Finalmente, as instituições financeiras aproveitarão as tecnologias de realidade aumentada e virtual, incorporando-as em seus sites para uma melhor comunicação dos recursos de certos tipos de produtos ou serviços, como pagamentos em rede ponto a ponto (P2P) ou depósitos remotos de cheques. 

O 5G irá impulsionar as transações financeiras no mercado brasileiro, ao mesmo tempo que irá aumentar o uso de dinheiro digital, tendo em vista que o país possui o segundo maior contingente de clientes de banco digital do mundo. Essa experiência cresceu 73% entre 2018 e 2020, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo o estudo Global Digital Banking Index 2021, realizado pela Accenture e pelo Mobile Banking N26.

*Federico De Simoni é Head para América Latina na Flybits