Tecnologia no agronegócio pode trazer eficiência para a gestão assim como para o campo

Por Ana Paula Trudo* – O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, responsável por 21,8% do PIB nacional, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Com tamanha relevância, seria natural imaginar que o setor adote soluções tecnológicas em sua gestão diária. Mas será que essa é, de fato, a realidade no Brasil?

Segundo levantamento realizado pela TOTVS, empresas do setor têm baixo nível de aproveitamento no uso de sistemas de gestão integrados e tecnologias complementares à produção. Para se ter uma ideia, apenas 19% dos entrevistados apresentaram maior maturidade no uso de tecnologias que conferem maior eficiência à tomada de decisões.

Esse cenário revela que a maturidade no uso de tecnologia em campo é bem diferente se comparada à camada de gestão, que tem um caminho promissor a ser percorrido. Inclusive, ao observar as duas frentes, muitos acreditam que a inovação diretamente na atividade fim tende a gerar mais retorno imediato que a aplicada na administração, o que não é bem assim.

Além do campo

A tecnologia aplicada à gestão do agronegócio desempenha um papel estratégico, especialmente nas áreas de relacionamentos comerciais, gestão de culturas, administração de contratos e certificados, controle da emissão de carbono e análise da produtividade. Afinal, o setor enfrenta desafios como oscilações do mercado global, imprevisibilidade do clima e logística dificultada, agravados por processos manuais e sistemas desconectados, que limitam a eficiência e dificultam o monitoramento de dados essenciais.

Desta forma, a tecnologia é o meio mais rápido e seguro para garantir competitividade no mercado global, especialmente se explorada via Inteligência Artificial, capaz de oferecer insights preditivos, antecipar demandas de mercado, otimizar a logística de distribuição e sugerir melhores práticas para a fidelização de clientes.

Além disso, ela ainda favorece que os produtores e empresas do setor escalem suas operações, por meio de um atendimento personalizado e estratégico, criando valor tanto para o cliente final, quanto para a sustentabilidade do negócio.

Isso é possível por meio de ferramentas que possibilitam análises aprofundadas de dados, como o comportamento de compra de clientes e tendências. Essas soluções ajudam as empresas a ajustarem suas estratégias em tempo real, promovendo melhorias consistentes em seus resultados.

Por onde começar?

implementação de tecnologias para a camada de gestão do agronegócio exige planejamento e clareza quanto aos objetivos. O ponto de partida deve ser a digitalização de processos e a escolha de um sistema adaptado às especificidades necessárias. Também é fundamental priorizar as etapas de treinamento e adaptação tecnológica, garantindo que as equipes estejam preparadas para utilizar a tecnologia de forma eficiente.

Outro aspecto essencial é o acompanhamento contínuo da solução aderida, ajustando as estratégias de acordo com a evolução do mercado e desafios. Esse processo deve ser acompanhado de perto, de modo a garantir que a tecnologia realmente esteja alinhada às metas do negócio.

Dessa forma, ao investir em planejamento estratégico, capacitação qualificada e soluções tecnológicas inovadoras, o agronegócio não apenas se torna mais eficiente e sustentável, mas também se posiciona de maneira sólida para atender às crescentes demandas de um mercado global cada vez mais competitivo, conectado e integrado.

*Ana Paula Trudo é Diretora Comercial responsável por Offerings de Retail da Everymind, líder e referência em implementações Salesforce há 10 anos no mercado.