Na primeira reportagem do Correio Braziliense, o ex-superintendente Mário Evangelista e o ex-coordenador estratégico de software livre, David Kuhn, também denunciaram que foram destituídos dos seus cargos, depois de questionarem “abertamente” o procedimento de compra das soluções Oracle – “em reuniões de diretoria realizadas no início de 2010”.
Fato: Abertamente até agora só consta a reportagem em si. Mesmo assim há um problema com relação às datas entre a compra das licenças e os supostos questionamentos feitos pelos dois denunciantes. Se Mário Evangelista, como única fonte oficial da reportagem, diz que questionou todo o projeto “em reuniões de diretoria ocorridas em 2010”, então é a primeira vez que alguém esperneia contra algo que já havia sido comprado e nem caberia à essa pessoa participar de tal decisão.
O contrato assinado com a IT7 Sistemas para a aquisição das licenças Oracle foi assinado pelo Diretor de Operações do Serpro, Nivaldo Venâncio, no dia 21 de dezembro de 2009. Como “Gestor do Contrato”, assinou Marcus Antonio Lima de Oliveira.
Perseguição
Na reportagem do Correio Braziliense, Mário Evangelista também disse que, depois de questionar o projeto das licenças Oracle, caiu em desgraça na empresa e passou a sofrer perseguição política. Segundo a reportagem, após perder a Superintendência “relatou os problemas ao site da Presidência da República e, posteriormente, encaminhou os documentos ao Ministério Público Federal. Por não ter mais ambiente na empresa, em Brasília, o ex-superintendente resolveu voltar para Fortaleza, no Ceará”.
Fato: Trata-se do primeiro caso de “perseguição política”, no país, em que um funcionário deixa uma Superintendência, passa a ser Assessor do Diretor de Operações e, não satisfeito, pede transferência para a unidade de Fortaleza (CE) e ainda ganha reclassificação funcional.
O histórico de perseguições da direção do Serpro contra Evangelista causa espanto, segundo levantamento que fiz:
10/08/2009 – Designado Superintendente de Administração de Ambientes de Tecnologia da Informação.
31/05/2010 – Destituição do cargo de Superintendente.
1º/06/2010 – Designado Assessor do Diretor de Operações, Nivaldo Venâncio.
02/03/2011 – Destituído do cargo de Assessor do Diretor de Operações.
03/3/2011 – Transferido para o Serpro regional Fortaleza.
1º/11/2011 – Promoção por mérito.
A denúncia de perseguição será um dos pontos a serem investigados pelo Ministério Público Federal e o processo terá de ser respondido pelo presidente do Serpro Marcos Mazoni.
Quanto à David Kuhn, o processo de “perseguição política” deve ter ocorrido antes do dia 02/06/2011 – data em que teve publicada a sua nomeação para um cargo no Governo do Distrito Federal. Entretanto, David ainda não deu a sua versão para todo o episódio. Figura como responsável pelas denúncias na reportagem do Correio Braziliense, sem que haja uma só declaração dele sobre o suposto escândalo.
Nos bastidores políticos circulam informações de que ele teria negado a participação nessa reportagem e alegado que seu nome foi usado indevidamente pelo ex-superintendente Mário Evangelista. Entretanto David não fez até o momento nenhum esforço visível, para desmentir a reportagem do Correio Braziliense.
(Segue mais informação).