
Até agora o governo procurou promover políticas públicas com base em informações de um Brasil do passado, extraídas dos diversos bancos de dados que armazenam a vida fiscal, financeira e social do país. Mas agora, com a possibilidade de realizarem análises preditivas, os gestores do governo poderão detectar previamente as tendências de mudanças de comportamento da sociedade brasileira em todas essas áreas. Com base nessas informações poderão se antecipar às mudanças através de um melhor planejamento governamental. O Serpro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) lançaram ontem (24), em Brasília, o “Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica para subsidiar Políticas Públicas Preditivas”.
O programa prevê que o Serpro entrará com toda a sua infraestrutura e capacidade de desenvolver aplicações que possam dotar os gestores dos órgãos governamentais de capacidade para estabelecerem novas políticas públicas. Já o IBGE entra com a sua expertise de coletar dados e analisá-los estatisticamente, oferecendo uma visão antecipada das tendências de mudanças no comportamento da população brasileira.
A iniciativa já conta com a adesão de cinco ministérios que possuem imensos bancos de dados contendo informações econômico-financeiras, sociais e fiscais. Além deles, também vão participar do projetoInstitutos e fundações que atuam na área previdenciária, educacional e de segurança e medicina do Trabalho. São elas:
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS)
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Ministério das Relações Exteriores (MRE)
Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO)
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC)
Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho – Fundacentro
INSS
INEP
“A iniciativa propõe uma nova abordagem no uso de dados estatísticos e geocientíficos, com foco na antecipação de cenários futuros. Com o apoio de tecnologias avançadas e análise preditiva, o programa busca fortalecer a capacidade do Estado de identificar problemas e oportunidades, oferecendo uma base mais sólida para a formulação de políticas públicas eficazes, sustentáveis e voltadas ao médio e longo prazo”, destaca o IBGE em comunicado para a imprensa.
“Em linha com essa missão precípua, o Programa Nacional do IBGE-Serpro propõe-se, no biênio 2025-2026, a construção de plataformas analíticas estratégicas para a compreensão aprofundada do país, que passa por uma mudança de época histórica em temas-chave, previamente selecionados”, informa a imprensa da estatal.
“Estamos saindo da lógica baseada exclusivamente na realidade observada, para a construção de informações estatísticas e geocientíficas que antecipem tendências, preparando o país para o futuro. Isso exige um esforço de integração de dados públicos e o Serpro tem papel estratégico nesse processo”, afirmou o presidente do IBGE, Márcio Pochmann (foto). Ele também alertou que hoje a coleta e análise de dados, que permite a adoção de ações preditivas, já é uma realidade no mundo privado através das big techs, que lucram com essas informações sem retornar um só centavo para o país.
Já a diretora de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro, Ariadne Fonseca, enfatizou a importância da iniciativa para fortalecer a inteligência pública aplicada à gestão estatal. “Estamos cada vez mais inseridos em programas de governo que exigem dados confiáveis, tratados com qualidade, segurança e inteligência. Essa transformação é o que o Programa Nacional propõe: garantir que os dados públicos sejam ferramentas de inclusão, planejamento e justiça social”, indicou.