Por Karolyne Utomi* – Quem de nós, seja que por um breve momento, nunca pensou em se afastar das redes sociais ou até excluí-las de vez por todas?
Um dos motivos que mais direcionam jovens e adultos para esta atitude é o começo de um despertar sobre a falta de controle da própria privacidade direta ou indiretamente.
Muitas pessoas ousam dizer que na era em que vivemos não há mais privacidade, em que até a intimidade do seu próprio lar passou a ser exposta em reuniões de trabalho.
A postagem de uma foto indesejada, a necessidade de postar fotos no estabelecimento em que está para adquirir descontos, o histórico criado a partir de suas pesquisas, entre outros milhares de exemplos.
Sair no fundo da foto de um terceiro não parece ruim, contudo, imagine se você sai no fundo de uma foto em um local que você está promovendo uma surpresa a alguém, ou ainda que no meio de uma reunião, sem querer um familiar seu aparece com roupas íntimas e isso viraliza como um “meme”.
As questões que envolvem redes sociais e privacidade são muito mais profundas que os exemplos acima, em especial com relação aos seus impactos, mas fato é que situações como esta podem gerar incômodos.
Tudo dependerá do lado em que você está ou da situação em si. É uma ilusão achar que é possível estar totalmente offline, pois vivemos em uma era em que tudo se conecta.
Seja ao fazer um pedido em um restaurante, estacionar o carro ou até na hora de dormir.
E pode apostar que você estará presente em diversas situações em registros fotográficos no perfil de outras pessoas ou até de estabelecimentos. Ou seja, até desconectados, estamos conectados indiretamente em praticamente todas as situações diárias.
Para que tenhamos liberdade de escolhas, como está, é necessário o movimento consciente de todos os que utilizam as novas tecnologias em dois principais eixos.
Em primeiro lugar, nós como usuários, sabermos que o ambiente digital exige cuidados específicos que não devem ser ignorados.
Por um outro lado, precisamos exigir que terceiros, em especial as empresas, respeitem nossos direitos no que diz respeito à privacidade, por isso é importante que saibamos tudo o que é ou não permitido, e quais são os reflexos negativos de ações que aparentemente são inofensivas.
Todos foram inseridos nesta nova era revolucionária e de grandes benefícios, porém, ninguém foi efetivamente preparado para ela.
Sendo assim, antes do movimento de “sair das redes sociais”, devemos unir forças para o movimento de “conscientizar para as redes sociais”, seja sob a óptica da privacidade ou ainda todas as outras sombras presentes neste espaço.
*Karolyne Utomi é sócia-fundadora da KR Advogados e parceira da DASA Advogados.