Dois dos principais caciques do PT no Rio de Janeiro decidiram fumar o cachimbo da paz e trabalhar juntos para pressionar a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, a aceitar a indicação do partido, em favor do ex-ministro e deputado, Celso Pansera, na presidência da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Os padrinhos da indicação de Pansera são os deputados federais eleitos pelo PT do Rio de Janeiro, Lindbergh Farias e Washington Luiz Cardoso Siqueira, conhecido como “Washington Quaquá”, membro da Comissão Executiva Nacional do PT; vice-presidente nacional do partido e ex-prefeito de Maricá.
Está nas mãos da ministra agora decidir se ele está qualificado para assumir ou não o cargo, que somente no ano passado foi responsável pela gestão na aplicação de recursos em pesquisas de um total de R$ 4,5 bilhões do FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Pansera já se meteu em confusão no setor científico, pois atuava como lobista da Ciência no Congresso Nacional. Dono do restaurante “Barganha” ele não tem currículo para o cargo (o fato de ter sido ex-ministro de C&T por três meses não o credencia), ainda mais quando disputa a nomeação contra o ex-presidente da FINEP Luis Manoel Rabelo Fernandes.
Lindbergh assume o mandato de deputado do PT na Câmara em fevereiro e vem tentando se reposicionar politicamente no Estado do Rio de Janeiro. Chegou a ganhar o apelido de “headhunter” do PT, por conta das suas investidas atrás de nomes influentes para ocupar cargos no governo federal. Namorado da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o apelido ele ganhou do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, por suas movimentações atrás desses quadros para integrar o Governo Lula. Lindbergh negou que esteja a procura dessas pessoas, que poderão ajudá-lo futuramente a dar novos saltos políticos no Rio de Janeiro. A indicação do enrolado Celso Pansera, mesmo sendo quadro do PT atualmente, não estaria enquadrado nesse tipo de articulação política?
Já Washington Quaquá, segundo contam fontes do partido, apesar do mandato federal que acaba de ganhar, tem muito mais interesse político em voltar para a prefeitura municipal da paradisíaca Maricá, reduto petista no Estado. Maricá fechou o ano passado com a quantia em caixa de R$ 3,14 bilhões – coisa de fazer inveja até para a FINEP, onde ele quer apadrinhar Celso Pansera – em virtude dos royalties que o município recebe pela exploração do petróleo em seu litoral. A indicação de Pansera para a FINEP, que sempre foi tratada como um feudo carioca vinculado ao governo federal, abriria o caminho para Quaquá chegar ao apoio da comunidade científica e das empresas financiadas pela FINEP, obviamente.
Pansera já é tratado como presidente da FINEP em blogs no Rio de Janeiro. Um deles é escrito por um jornalista que já atuou como secretário de Comunicação da ex-governadora, Rosinha Garotinho e foi condenado, junto com ela, por improbidade administrativa.
*Resta saber se a pernambucana Luciana Santos, ministra do PCdoB na Ciência, Tecnologia e Inovação, irá topar colocar o seu nominho e o CPF numa indicação feita por essa turma, que é pra lá de complicada. A pressão em cima dela está fortíssima, segundo contam fontes do MCTI.