A visita do deputado federal pelo PDT de Pernambuco, Tulio Gadelha, à unidade regional do Serpro, no Recife, já foi bastante badalada nas redes sociais e nas listas de discussão de funcionários da empresa. Nada a acrescentar sobre isso.
Acho louvável a atitude do parlamentar, uma vez que ele terá de se debruçar em breve sobre o assunto privatização de estatais de TI e nada melhor do que ir se informar diretamente sobre o assunto dentro da empresa.
O que me chamou a atenção, segundo relatos que tive após o encontro, foi uma suposta discussão sobre guarda de dados. Numa breve passagem sobre o assunto, os interlocutores da direção do Serpro teriam deixado a impressão em seus comentários ao deputado, que a guarda de dados sensíveis do Estado Brasileiro poderão acabar sob o controle dos militares.
Tentei obter maiores detalhes com o próprio deputado em contato telefônico, porém ele marcou de falar comigo e depois deu o balão. Fato corriqueiro na vida de um jornalista; já nem sei quantas vezes fiquei no vácuo. Gadelha sequer me respondeu as três perguntas que encaminhei no ZapZap. Vida que segue.
Sem poder confirmar o contexto dessa informação sobre guarda de dados, resta apenas tentar avaliar qual seria o impacto se algum dia essa suposta estratégia vingar.
Imaginem o cenário lá na frente, quando os deputados e senadores começarem a debater abertamente os prós e contras da privatização de estatais de TI como o Serpro e a Dataprev. Que argumento seria considerado ideal pra convencer a um deputado ou senador indeciso, sobre os benefícios da privatização, sem contudo prejudicar as informações estratégicas de Estado?
Respondo: inserir os militares nesse contexto.
O argumento de que os dados sensíveis do Estado Brasileiro continuarão sob a guarda do governo federal e na esfera militar, soa como algo que nos leva à garantia de credibilidade, confiabilidade e segurança.
Indago: algum deputado ou senador questionaria tal argumento? Contestaria uma privatização que renderia dinheiro aos cofres públicos, enxugaria o peso da máquina pública e ao mesmo tempo garantiria que os dados sensíveis jamais serão violados, pois permanecerão sob a guarda dos militares?
*É um caso a se pensar e acompanhar.