O novo padrão de TV que vai integrar internet e revolucionar a transmissão

*Reproduzo a boa matéria da Assessoria de Imprensa do Ministério das Comunicações, que traz não apenas uma análise da nova televisão digital, lançada hoje ( 03) pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, mas faz também um histório de todo o processo iniciado ainda no Governo Lula 1/2, na gestão do então ministro das Conuniações Hélio Costa. Segue a reportagem:

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, anunciou nesta quarta-feira (3) que o novo padrão de televisão aberta vai estar pronto para transmissão no próximo ano, com o objetivo de revolucionar o setor com uma integração completa dos canais de TV com a internet.

A navegação será mais interativa, passando a ser feita apenas por aplicativos, abandonando o atual sistema por números. Isso permitirá que os canais ofereçam, além do que já é transmitido ao vivo por sinal aberto, conteúdos adicionais sob demanda, como séries, jogos, programas e muitas outras possibilidades.

“Estamos diante de uma das mais esperadas revoluções do setor, que chega a ser mais significativa do que vivemos na transmissão do analógico para o digital. É o futuro da TV no Brasil. Na prática, é a integração definitiva entre a televisão aberta e gratuita com a internet. Todas as evoluções de imagem e som vão estar disponíveis na TV aberta para a população. A interatividade, com a internet, que vai ser possível é um instrumento a mais, mas não significa que a população precisa ter internet para ter acesso à TV 3.0”, disse Juscelino.

O anúncio foi feito durante a abertura do seminário de apresentação da TV 3.0, no auditório do Ministério das Comunicações, em Brasília. O evento foi transmitido ao vivo no canal da pasta no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=pxH2Hn8q7Lk.

A qualidade da imagem irá, no mínimo, quadruplicar. O padrão atual, que é a TV Digital com Full HD, passará a ser transmitido pelo ar em até 4k, ou até 8k caso seja assistido pela internet. Isso significa que a imagem terá ao menos quatro vezes mais pixels, trazendo mais informações por espaço, melhorando a cor e a nitidez. O contraste também vai ser aprimorado, por meio de tecnologias de HDR (High Dynamic Range).

“A TV 3.0 representa a possibilidade de incluir novos atores e democratizar a comunicação. Ela vem gerando expectativa como revolução na forma de programar e assistir televisão, com integração entre internet e TV, melhor qualidade de áudio e vídeo, lógica baseada no modelo de aplicativos e segmentação de conteúdos”, afirmou Jean Lima, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que representou o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, no evento.

Com som imersivo, a tecnologia vai permitir que o telespectador tenha a sensação de estar no ambiente que está sendo assistido. O telespectador poderá, por exemplo, escolher entre ouvir apenas o microfone do cantor com a banda ou destacar o som da plateia.

Além disso, será possível personalizar os temas e as propagandas disponíveis nos seus canais, com o objetivo de melhorar a experiência para o telespectador. A migração para o novo padrão deverá ser gradativa, possivelmente começando pelas grandes cidades.

“As mudanças que acontecem no nosso setor nos colocam sempre em momentos cruciais. Hoje passamos por mais uma etapa chave de transformação digital e a evolução da TV 3.0 é um exemplo concreto de que a tecnologia e a internet são nossas aliadas nesse processo”, destacou Flávio Lara Resende, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert).

O Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), com apoio e financiamento do Ministério das Comunicações, coordena as pesquisas dos padrões tecnológicos da TV do Futuro, que estão sendo desenvolvidos por universidades brasileiras e parceiros da indústria e do setor de radiodifusão e que serão integradas aos televisores que passarão a ser fabricados a partir de 2025.

As tecnologias candidatas para a TV 3.0 estão sendo escolhidas dentre propostas de mais de 20 organizações internacionais diferentes.

“Conseguir levar a informação para a população, independente do meio, é um dos principais objetivos do nosso ministério. E a radiodifusão tem papel fundamental nesse processo. Em torno de 70% da população brasileira tem como seu principal meio de consumo do audiovisual a TV”, ressaltou Wilson Wellisch, secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações.

Alternativas

Para as emissoras, a TV 3.0 abre novas possibilidades de geração de receitas, como com a publicidade interativa, na qual os telespectadores podem interagir com os anúncios exibidos na tela. Isso permitirá a criação de campanhas publicitárias interativas com o público, por exemplo.

Será possível ainda integrar o comércio eletrônico com as imagens exibidas, fazendo compras diretamente da tela da TV, seja por meio de anúncios interativos ou de aplicativos integrados.

A “TV do Futuro” terá espaço para parcerias e patrocínios com marcas e empresas. Os programas poderão, além de ser patrocinados por marcas específicas, se associar a conteúdos específicos ou criar programas de marca exclusivos para promover seus produtos ou serviços.

Será possível também produzir conteúdo exclusivo para atrair telespectadores dispostos a pagar por uma experiência diferenciada. Isso pode incluir programas originais, eventos ao vivo, transmissões esportivas e muito mais.

Histórico

Em abril do ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o Decreto nº 11.484/2023 sobre as diretrizes para o avanço da tecnologia no país e que garante a disponibilidade de radiofrequências para a sua implantação.

Com isso, o Ministério das Comunicações criou o Grupo de Trabalho da TV 3.0 (GT TV 3.0) para propor um padrão tecnológico para a nova geração de TV digital no país, incluindo regulamentação, modelo de implantação no território nacional e cronograma de implantação para a TV 3.0.

O grupo é presidido pelo secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Wellisch, e reúne especialistas, cientistas, técnicos, acadêmicos e representantes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), dos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fazenda e de entidades representativas do setor de radiodifusão.

O Ministério das Comunicações editou portaria determinando que, para o desenvolvimento da TV 3.0, a Anatel garanta a destinação das faixas de VHF alto (174-216 MHz) e UHF (470-608 MHz e 614-698 MHz) ao serviço de radiodifusão de sons e imagens e ao serviço de retransmissão de televisão.

O Fórum do SBTVD está em fase final de teste das tecnologias de transmissão do padrão proposto da TV 3.0, e após sua conclusão, até dezembro de 2024, o GT TV 3.0 deverá avaliar o resultado dos estudos e encaminhar a recomendação para adoção do padrão tecnológico.