O futuro do sono: como a tecnologia está mudando nossas noites

Por Heitor Ettori– Um terço da população mundial sofre de algum tipo de distúrbio do sono, o que impacta diretamente na qualidade de vida e na produtividade dessas pessoas. De acordo com dados da Associação Brasileira do Sono (ABS), o número de pessoas com dificuldades para dormir vem aumentando a cada década.

Além disso, uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz revelou que 72% dos brasileiros enfrentam problemas do sono. Essas condições, que prejudicam a qualidade do sono, podem impedir que uma pessoa adormeça, cause interrupções periódicas ou resulte em um descanso insuficiente para a recuperação adequada do organismo.

Diante desse fato, é possível garantir que a demanda por polissonografias no Brasil seja supera em muito a oferta atual. Segundo reportagens publicadas na imprensa do país, estima-se que mais de 12,5 milhões de brasileiros precisam desse exame e não têm acesso a ele pelo Sistema Único de Saúde (SUS) . Ao incluirmos as demandas de saúde suplementares, esse número tende a triplicar.

Na busca de uma noite de sono reparadora, cientistas e médicos apoiam o uso da tecnologia para um diagnóstico assertivo e promissor, especialmente com ferramentas que utilizam inteligência artificial para auxiliares médicos, com louvores precisos e rápidos. Nesse contexto, a união da neurofisiologia, ciência que estuda o funcionamento do sistema nervoso, com ferramentas tecnológicas está revolucionando a forma como tratamos as doenças que promovem a insônia.

Essa compreensão, aliada ao avanço tecnológico, está dando origem a ferramentas e terapias cada vez mais precisas e personalizadas que auxiliam no diagnóstico das doenças do sono. Os laudos emitidos pelas ferramentas com IA demonstraram um desempenho notável, elaborado ao de especialistas humanos.

A capacidade dos algoritmos de aprendizagem de máquina de fornecer avaliações alinhadas com os especialistas humanos pode representar um avanço significativo na otimização de recursos e na eficiência do diagnóstico, beneficiando tanto profissionais de saúde quanto pacientes. Com esta perspectiva, é possível garantir que em um futuro muito breve os exames de polissonografia se tornarão acessíveis e democráticos.

Soluções que utilizam a inteligência artificial emitem elogios em apenas 2 minutos , enquanto os técnicos levam em média 40 minutos para a mesma tarefa. Essas ferramentas proporcionam alta assertividade, concordando com a análise de certificados técnicos em 84% dos casos.

Os softwares demonstram também excelente precisão na determinação do tempo que uma pessoa leva para adormecer, com 93% de acurácia. Em testes realizados, o tempo para adormecer identificado foi praticamente idêntico ao apontado pelos técnicos, em laudos tradicionais, sem o uso da ferramenta.

Ciência

A neurofisiologia, por sua vez, permite visualizar a atividade cerebral durante o sono, revelando as áreas envolvidas em cada fase. Essa informação mostra-se fundamental para entender as alterações relacionadas aos distúrbios como a insônia e a apneia do sono.

A dificuldade para dormir é frequentemente multifatorial, envolvendo causas biológicas, psicológicas e sociais. Uma combinação de diferentes abordagens permite tratar essas diversas causas do distúrbio do sono de forma mais completa. Além disso, diferentes terapias podem ter um efeito sinérgico, potencializando os resultados do tratamento.

Ao abordar as diversas causas dos distúrbios do sono de forma holística, é possível promover um sono mais reparador e melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

É importante ressaltar que a escolha da terapia mais adequada deve ser feita em conjunto com um profissional de saúde. A avaliação completa do histórico médico e dos hábitos de vida são fundamentais para personalizar o tratamento e garantir resultados superiores.

Celebramos assim a convergência da neurofisiologia e da tecnologia que abre novas perspectivas para o tratamento dos distúrbios do sono. No futuro, podemos esperar por tratamentos ainda mais personalizados e eficazes, com um impacto positivo na saúde pública em geral. Dormir bem é fundamental para a saúde física e mental, e essa nova era tecnológica nos aproxima cada vez mais desse objetivo .

*Heitor Ettori é neurologista e neurofisiologista, cofundador e Junta Médica da Neurograma . Possui especialização avançada pela Unifesp e vasta experiência em EEG, Polissonografia e demais modalidades neurofisiológicas, trazendo diagnósticos precisos e tratamentos eficazes para diversas doenças neurológicas. Ettori é referência em sua área, e tem como objetivo contribuir para o avanço da neurologia no Brasil.