Luciana sofre pressão política para nomear lobista da Ciência na presidência da FINEP

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB), vem sofrendo pressão política para escolher Celso Pansera para a presidência da FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. Vinculado ao MCTI, a FINEP é uma espécie de mini banco de fomento; teve em caixa no Orçamento de 2022 um total de R$ 4,5 bilhões do FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, para investir em projetos científicos e de inovação. É mais do que muito ministério teve em recursos para gastar ao longo do ano.

A ministra Luciana estaria inclinada a nomear Luis Manoel Rabelo Fernandes, que durante a transição para o Governo Lula foi um dos coordenadores da equipe que diagnosticou o Ministério da Ciência, Tecnologia, e Inovação. Afora o vasto currículo acadêmico, como gestor público Luis Manoel Fernandes já ocupou a presidência da FINEP e foi ex-Secretário Executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia. Também ocupou cargos como, Diretor Científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ; de Secretário Executivo do Ministério do Esporte e Coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo 2014, além de Assessor Especial no Ministério da Defesa. 

Porém, mesmo com esse currículo, a nomeação de Luis Manoel corre o risco de não ser efetivada em virtude das pressões que a ministra sofre do MDB e parte do PT carioca. Que deseja emplacar o ex-dono do restaurante “Barganha”, Celso Pansera, aliado do deputado Eduardo Cunha, cuja passagem pelo meio científico se limitou a ocupar cargos públicos em pequenas instituições governamentais no Rio de Janeiro. Aliás, os três meses em que foi ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, hoje lembrado com honras e deferências pelo mundo acadêmico de C&T, só teria acontecido por força do MDB de Eduardo Cunha, na época. E a ex-presidente Dilma, que o nomeou em nome de uma suposta governabilidade, acabou aceitando à força a indicação.

Pansera é um velho frequentador deste Blog. Hoje está filiado ao PT e atua como presidente do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação de Maricá – ICTIM, onde recebe um salário de R$ 17 mil.

Porém, ao longo do Governo Bolsonaro atuou em Brasília como dono de um escritório de lobby para captação de emendas orçamentárias para entidades voltadas para a Ciência. Entre elas a SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A parceria ocorreu na gestão Ildeu de Castro, outro postulante a um cargo de secretário no ministério de Luciana Santos.

A relação dos dois foi tão boa, que Ildeu foi capaz de repassar R$ 1,8 milhão do orçamento da SBPC, através de emenda aprovada no Congresso, para o escritório de Lobby de Pansera. Repasse feito numa triangulação com a “Iniciativa para a Ciência no Parlamento – ICTP.br”, uma “organização sem fins lucrativos” criada supostamente para fazer a “divulgação” da Ciência. Essa entidade, que não tinha escritório ou sequer um CNPJ para receber os recursos da SBPC, foi criada por Celso Pansera e denunciada por esse blog (clique no link abaixo).

https://capitaldigital.com.br/cientistas-pagam-lobista-com-recursos-do-mcti-para-atacar-paulo-guedes/

Pansera após ser denunciado por esse blog deixou o comando da ICTP.br. A SBPC nunca veio à público explicar os gastos que fez com a entidade e nem apresentou seus balanços dos últimos anos ou comprovantes dos serviços prestados pela ICTP.br. Mesmo fora dela, Pansera continua mantendo o controle por meio de sua colaboradora Jéssica Mattos da Cunha, que inclusive é a dona do domínio www.ictpbr.com.br da página da entidade na Internet, de acordo com informações do Registro.br.

Se a ministra Luciana Santos ceder às pressões e nomear Celso Pansera para a presidência da FINEP e, de quebra, aceitar a indicação de Ildeu de Castro para uma secretaria que seja ligada à promoção da Ciência, este blog sugere que, em paralelo, ela também crie na sala ao lado ao seu gabinete uma área voltada para a “gestão de crises”, pois irá precisar.