Com algumas mudanças proporcionadas pelo voto revisor do conselheiro Moisés Moreira, a Anatel aprovou hoje (24/09) o leilão das faixas de frequências do 5G, que terá um preço mínimo total de R$ 51 bilhões, um descontão de 50% aos olhos dos auditores do TCU que calculavam esse valor em torno de R$ 101 bilhões. O que isso poderá significar futuramente nos acompanhamentos que a Corte de Contas fará, só Deus sabe.
Em geral, a espinha dorsal do relatório do conselheiro Emmanuel Campelo foi mantida. Por exemplo, as datas de implantação do 5G no país não foram alteradas e o ministro das Comunicações, Fabio Faria poderá levar o presidente Jair Bolsonaro para inauguração de torres em julho de 2022.
Caro e não será para todos
Ainda que os discursos políticos sejam na direção de que o Brasil decidiu pela tecnologia 5G de última geração (standalone) e com maior velocidade, o 5G será um serviço caro e nem todos terão imediatamente. Nem mesmo na capital do país.
Brasília, pelas avaliações dos auditores do TCU terá a cobertura apenas no centro da cidade, no corpo de avião em 2022. As grandes cidades-satélites que orbitam a capital não foram contempladas com antenas.
O que levou o ministro do tribunal, Aroldo Cedraz a dizer que era um 5G “para inglês ver”. Como não foi alterado pela Anatel, a implantação da rede em Brasília deverá obedecer o seguinte cronograma:
Em 2023 o mapa de cobertura 5G tem avanços, mas mesmo assim somente neste ano as pontas das “Asas” do avião que forma a capital receberá o 5G. Outras áreas nobres como os Lagos Sul e Norte, cujo poder aquisitivo é altíssimo, ainda não verão as antenas da nova frequência em funcionamento. O que dirá das demais cidades-satélites.
Somente em julho de 2025 é que o Distrito federal passará a contar com uma cobertura 5G mais consistente, englobando as áreas nobres citadas acima, assim como algumas das principais cidades-satélites.
Fica aquela indagação: se na capital federal a situação será essa, como ocorrerá a implantação do “5G Ferrari” nos grotões do Brasil?
Escolas Públicas
Foi acatada pelo relator Emmanuel Campelo e aprovada pelo conselho diretor, a proposta do conselheiro revisor Moisés Moreira, de criar uma EACE – Entidade Administradora da Conectividade das Escolas. Além dela, também será formado um “Grupo de Acompanhamento do Custeio à Projetos de Conectividade de Escolas (Gape)”.
Os dois organismos contarão com a participação de membros dos Ministérios da Educação e das Comunicações, além da Anatel e das empresas privadas que compraram as frequências. Suas funções serão acompanhar e dar celeridade na implantação do projeto de conectividade das escolas públicas com a rede 5G.
Interferências nas parabólicas
A Anatel decidiu permitir a antecipação dos serviços de 5G em áreas restritas de municípios que não tenham concluído a limpeza da banda C. Porém, para evitar qualquer interferência na recepção das antenas parabólicas das TVs, a agência optou por manter a previsão do relator Emmanuel Campelo, disso ocorrer somente após a migração da recepção da TVRO para a Banda Ku.
Campelo entretanto foi derrotado pelos conselheiros Moisés Moreira, Carlos Baigorri e Vicente Aquino, na questão da mudança do cronograma de implantação do 5G no 3,5 Ghz por eventual proposição de um novo entrante. A proposta foi feita pelo TCU e teve o apoio do relator e do presidente da Anatel Leonardo Euler, mas acabou sendo derrotada na sessão desta sexta-feira (24).