INSS pede 4 mil conexões VPN à Dataprev para fazer home office emergencial

Só que a estatal desmontou todos os escritórios regionais que deveriam viabilizar os procedimentos administrativos para a execução deste projeto. Desativados por razões de “economia”, enquanto os funcionários dessas unidades estão em casa sem ter como trabalhar.

Emergencial

No último dia 17 a Diretoria de Tecnologia do INSS informou a todas as unidades do órgão, a necessidade de contratação emergencial de no mínimo 4 mil pontos de acesso à rede do órgão (VPN – Virtual Private Network), para uso nas residências de seus funcionários em virtude da situação provocada pela pandemia do Covid-19.

“Diante do quantitativo limitado de VPN/certificados, será feita avaliação criteriosa e efetuada a distribuição, de acordo com a necessidade, para os servidores que tenham sido afastados do trabalho e que irão realizar as atividades na análise de requerimentos de Demandas Judiciais, Manutenção de Benefícios e Reconhecimento de Direitos”, destaca o Ofício encaminhado para todas as unidades do INSS.

Ainda segundo o documento, os novos VPNs serão priorizadas para os “servidores que já estão designados para as Centrais Especializadas de Análise de Benefícios ou que tenham competência para as atividades elencadas”. Os demais servidores do INSS também poderão ganhar os pontos de home office tão logo a Dataprev cumpra o requisito inicial.

Os VPNs serão fornecidos, inicialmente, com validade de uso de 90 dias, mas o órgão avalia a possibilidade de ter de prorrogar esse prazo “por necessidade de serviço”. O documento foi assinado pelos diretores do INSS Jobson de Paiva Silveira Sales (Atendimento) e Flávio Ferreira dos Santos (Tecnologia da Informação e Inovação).

Dataprev

Na mesma data (17 de março), a direção do INSS encaminhou Ofício (SEI nº 27/2020/DTI/PRES-INSS), no qual solicita ao diretor de Relacionamento e Negócios da Dataprev, André Côrte (foto), a contratação “emergencial de VPNs por motivo da Pandemia de Coronavírus”. Com um detalhe interessante: de graça, até que se oficialize a compra emergencial, sabe-se lá quando.

Desmonte

Ocorre que em janeiro deste ano o diretor André Côrte, em companhia do Diretor Bruno Burgos (Administração), extinguiu 20 escritórios regionais da Dataprev, inicialmente pondo no olho da rua cerca de 493 funcionários. Demissões que ainda não se concretizaram, por causa do recuo desta direção após o tranco que levou com a greve geral dos trabalhadores realizada na empresa, que a forçou a fazer um acordo judicial com sindicatos e federações.

Ocorre que o estrago já estava feito de qual forma.

Côrte e Burgos, mesmo não podendo demitir os trabalhadores, por força de acordo no TST – Tribunal Superior do Trabalho, continuou o processo de desmonte das regionais. Acabou com os contratos de locação e uso dos escritórios. Isso fez com que os funcionários da Dataprev ficassem em casa, entretanto sem acesso aos sistemas para poderem trabalhar.

Com esse pedido do INSS, resta saber como André Côrte irá atender a demanda por VPNs, se não dispõe de funcionários para realizar o trabalho, de execução do cadastramento de cada funcionário em home office, toda a papelada inerente ao processo, novas medidas de segurança aos sistemas.

E tudo isso em tempo recorde, porque os 4 mil pedidos visam suprir uma situação emergencial no INSS gerada pela crise de saúde pública.