O consumidor brasileiro está pronto para a disrupção digital. De muitas maneiras ela até já começou. Segundo uma pesquisa da McKinsey & Company, uma empresa líder mundial no setor de consultoria empresarial, 2 em cada 3 brasileiros tem acesso a smartphones e usam internet.
Entretanto, têm à disposição equipamentos caros, empresas que pensam ainda com a cabeça no offline e uma infraestrutura de rede de banda larga pra lá de sofrível. Mas brasileiro é brasileiro e não desiste de estar conectado. Na média, 9 horas por dia. Em 44% das vezes, acessando seus sites e aplicativos preferidos via celular. Boa parte delas gastas em plataformas de social media como Facebook, , YouTube, Netflix, WhatsApp e conteúdo, como Google, Globo.com, Uol. O brasileiro hiperconectado tem até 45 anos, classe média, ensino médio e mora em grandes centros urbanos.
Você pode estar achando que eu usei a palavra social media para descrever redes sociais por ser em inglês e muita gente gostar de uma “marquetagem” em textos. Os jargões dão um verniz de “entendido” no tema. Mas não é isso. Outro grande problema do brasileiro conectado é de percepção. Não faz sentido tratar as plataformas, assumidamente veículos de mídia, como empresas “gratuitas” de disseminação de informações ou meras ferramentas para a “comunicação em rede”. É business. Tem que ser encarado como bussiness. Quem paga pelo serviço é a publicidade, que não para de crescer e ainda tem muito espaço para isso. Para se ter uma ideia, nos EUA a publicidade em ambientes digitais já superou o de outras mídias, ficando com 52% dos investimentos publicitários. No Brasil, embora crescendo significativamente nos últimos anos, não se alcançou esse patamar. Enquanto as emissoras tradicionais de TV ficam com 45% da publicidade (e mais 10% vai para a TV Paga), a publicidade digital recebe 36%.
Tem muito espaço para novas ideias e negócios. O crescimento do ecossistema digital brasileiro como um todo está só no começo. A má notícia é que ainda precisamos de mais investimentos em qualidade para a internet, só pra começo de conversa. Vou pegar um exemplo simples, que afeta a maioria. Para se ter uma ideia, a velocidade média da internet do brasileiro (13 Mbps) continua bem abaixo da média mundial (31 Mbps), embora ligeiramente melhor que os nossos vizinhos da América Latina .
Claro que não é só velocidade. Tem a questão da qualidade do sinal, a oferta de equipamentos, acesso, mais investimento em telecom, entre outras cositas más.
Imagina a quantidade de novos negócios ou de novas oportunidades com mais incentivo direcionado ao setor como um todo. É a nossa contradição. O público está pronto (até um tanto ansioso) para mais e-commerce, a economia compartilhada, serviços de delivery online, o machine learning, a internet das coisas. Mas ainda esbarramos na inclusão digital de uma camada significativa da população brasileira.