Gestão mantém estratégia bolsonarista de contratar “temporários” para criar software

Duas empresas estatais de TI, com cerca de uns 12 mil funcionários. E o que faz a Secretaria de Governo Digital (SGD), anuncia que manterá a mesma estratégia do Governo Bolsonaro de contratar 200 profissionais “temporários” de TI, para fazerem um trabalho que as estatais não fazem. Ou por incompetência ou por serem irrelevantes aos olhos do Ministério da Gestão.

Pelo menos a SGD do período bolsonarista tinha um forte argumento para a contratação, que era o fato das estatais estarem em processo de privatização. Qual a desculpa agora da SGD?

Este blog tentará dar uma mãozinha para o secretário de Governo Digital, Rogério Mascarenhas. O problema pode estar no fato de que há 10 meses o Serpro não tem mais estrutura de desenvolvimento de software, que possa alegar que está ativa, funcionando.

E não tem porque não tem sequer um diretor nomeado em todo esse período, um fato histórico na estatal, criada justamente para desenvolver software para o governo. Isso vem ocorrendo desde o início do Governo Lula 3 por uma razão simples. O presidente da estatal, Alexandre Amorim, vem atrapalhando todas as indicações de nomes que foram feitas para o cargo de diretoria dessa área.

Para se ter uma ideia da situação, Amorim ignorou até a indicação do nome do senador Humberto Costa (PT-PE) que é apoiada por todo o PT Nacional, com exceção do “PT de Santo André” (SP). Criou uma série de dificuldades administrativas para não deixar o nome do indicado passar no Conselho de Administração. Por conta disso, o Serpro está parado, participando apenas de eventos de TI nos quais até paga para estar presente, caso contrário nem convidado seria, já que não tem o que mostrar.

Chega a ser curioso que a SGD tenha de contratar pessoal especializado para atender “temporariamente” ao governo federal, enquanto Amorim leva a empresa para atender aos municípios e governos estaduais.

Não é à toa, que o relatório do GT de Digitalização da Câmara aponta para a necessidade de o Ministério da Fazenda ser mais proativo, na criação de sistemas que permitam através da análise de dados setoriais como combustíveis, por exemplo, melhorar a eficiência na arrecadação tributária. Para quem foi esse puxão de orelha, o ministro Haddad?

Na Dataprev as coisas não vão bem também. Escolhida pela ministra Esther Dweck para ser o seu braço de tecnologia e da transformação digital, parece que a empresa não dará conta do recado. Não há desculpa para o presidente da empresa, Rodrigo Assumpção, aceitar passivamente que a SGD contrate 200 profissionais, quando a estatal está tentando contratar via concurso o mesmo número de especialistas. Foi cancelado o concurso? O do Serpro também subiu no telhado?

E por onde anda o meio sindical, que aparentemente está calado diante desse novo processo de contratação de “temporários” pela SGD? No Governo Bolsonaro fizeram o maior Carnaval e terminaram engolindo a decisão a contragosto. Mas e agora, por que o silêncio?

Esse modelo de contratação por si só já é um escândalo, já que a SGD do Governo Lula manterá o mesmo padrão do Governo Bolsonaro: contratar “trabalhadores temporários” por quatro anos. Indaga-se aos tribunais do Trabalho: existe a figura do “trabalhador temporário”, sem vínculo empregatício algum com empresas ou governos, por quatro anos?

E para não dizerem que o o blog deixou alguém de fora nesse angu, indagamos: e aí empresários? Vão tomar cafezinho, ganhar tapinhas nas costas de presidentes de estatais e dos secretários do Ministério da Gestão até quando? Onde estão os mesmos que recentemente foram beijar a mão do presidente do Serpro, para tentar encaixar algum serviço no portfólio da estatal? Será que já pararam para pensar que irão concorrer com uma terceira “empresa pública”, com 200 trabalhadores, operando diante das suas barbas?

  • Assespro: tenta adivinhar de onde sairão esses trabalhadores de TI temporários?