Recebi cópia da Ata da reunião de hoje entre o SINDPD-DF e o SINDESEI. E ela confirma as informações que já havia recebido pela manhã e, juro, custei a acreditar. Um fato histórico está ocorrendo em Brasília.
Os trabalhadores de TI de Brasília, enfim, acordaram e resolveram por um fim à uma manobra que há anos eu vinha denunciando solitariamente neste Blog, às custas até de um processo judicial por calúnia e difamação. Havia um acordo velado entre o sindicato laboral e o patronal, no sentido de uma ‘convivência pacífica’ entre os dois lados, e quem perdia com isso eram os trabalhadores.
Em troca de 1% da folha de pagamentos das empresas de informática, o SINDPD-DF fazia ‘vistas grossas’ para os desmandos das empresas ligadas ao SINDESEI contra trabalhadores.
Na hora dos acordos coletivos de trabalho, os trabalhadores sempre saíram perdendo, porque esses 1% recolhidos e depositados diretamente para a conta de uma Associação, comandada pelo diretor jurídico do SINDPD-DF – o senhor Avel de Alencar – engordava os cofres da EFTI – Escola de Formação de Trabalhadores em Informática. Isso pesava nas decisões sindicais em favor dos patrões.
O dinheiro servia, também, para remunerar alguns membros da diretoria do SINDPD-DF (não todos, alguns entraram na última eleição e nada têm a ver com esse escândalo). E ainda ajudou Avel a construir patrimônio, uma nova faculdade na cidade de Itapaci, interior de Goiás. (Todas as denúncias que fiz estão neste Blog, basta uma simples pesquisa por temas como “Avel”, “SINDPD-DF”, “Itapaci”).
Clique na foto e veja quem é o dono desta faculdade em Itapaci.
Ontem, numa assembléia, os trabalhadores decidiram dar um basta nessa rapinagem. Colocaram em votação uma proposta, para acabar com a cláusula que obriga as empresas de TI a cederem 1% de sua folha de pagamentos para a EFTI (o dinheiro vai direto para a conta da Faculdade, sem sequer passar por uma avaliação inicial do sindicato).
A proposta foi votada e aceita.
Hoje representantes do SINDPD-DF estiveram reunidos com a presidente do SINDESEI, Suely Nakao. E informaram que a proposta de 6% de reajuste salarial não foi aceita pela categoria, que exige um aumento de 13,5% mais um ticket alimentação no valor de R$ 18,00 ( O SINDESEI só oferece R$ 10,00). Também informaram que haverá a exclusão da cláusula que obriga as empresas a recolherem 1% de sua folha de pagamentos para a faculdade de Avel de Alencar.
Suely Nakao, que em nome da sua empresa – a Poliedro – já responde na Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, por formação de cartel, através do SINDESEI, recusou a proposta.
Acostumada aos ‘conchavos políticos’ com o SINDPD-DF, Suely reforçou a tese de que os trabalhadores devem se unir aos patrões, para exigir que o governo mude as regras do pregão para favorecer melhor as empresas com contratos, de forma a que ela possa remunerar melhor os trabalhadores. O pregão foi uma iniciativa criada ainda no Governo Lula, que acabou com o poder do cartel brasiliense. Este fazia combinações de preços e de vencedores, praticamente loteando a Esplanada dos Ministérios, quando ainda as licitações ocorriam na modalidade “técnica e preço”.
Agora imaginem, a presidente de um sindicato patronal, que até agora já faturou com sua empresa no governo R$ 17,032 milhões, e no ano passado obteve R$ 78,6 milhões, alega que as empresas de informática de Brasília estão em ‘situação de miséria’ e não podem conceder um reajuste pleiteado pela categoria. Resolveu endurecer o discurso retornando aos 3% de reajuste salarial – proposta feita inicialmente pelos patrões. Foi avisada de que haverá greve dos trabalhadores no próximo dia 18 – movimento que contará com apoio integral e dedicação exclusiva deste Blog.
Quanto ao SINDPD-DF, está na hora deste sindicato, que sei que ainda conta com pessoas de bem e honestas, tomar vergonha na cara e partir para a expulsão sumária dos integrantes desta rapinagem que ocorre há anos em Brasília. Sob pena deste sindicato se tornar fantasma.
Pior, a insistência nesse modo de agir poderá vir a contaminar todo o movimento sindical brasileiro, aonde existem sindicatos sérios e honestos, que nunca compactuaram com empresas de TI para auferir ganhos pessoais em troca da situação de penúria dos seus filiados e trabalhadores em geral.
* Clamo aos sindicalistas honestos de Brasília que expulsem logo quem mereça tal punição. Para que todos não acabem expulsos pela própria categoria. Esses ladrões mereciam, inclusive, serem expulsos também desta cidade, que já está cansada de ser chamada de corrupta.