O diário Oficial desta terça-feira (07), traz a dispensa de dois dos seis membros da Comissão de Ética Pública, organismo que liberou da quarentena ex-ministros do Governo Bolsonaro que vão trabalhar na iniciativa privada. A decisão poderá impactar futuramente a Telebras, que ainda está em processo de privatização, pois entre os beneficiários da liberação da quarentena está o ex-ministro das Comunicações, Fábio Faria, apontado como futuro colaborador do banco BTG Pactual.
O BTG Pactual é o principal acionista da V.Tal, rede neutra criada a partir da Oi, que pretende implantar uma mega infraestrutura de fibras ópticas no Brasil com mais de 400 mil quilômetros. E já há comentários no mercado que parte dessa rede neutra seria herdada da Telebras após sua privatização ou venda de participação acionária.
Em meados do ano passado, ainda no Governo Bolsonaro, O BTG Pactual, que já detinha 57,9% do capital da companhia, conseguiu elevar através de seus fundos a participação societária para 65,27%. A compra dessa posição acionária foi feita através da participação da Oi no negócio, empresa de telefonia que hoje deve provocar nova reunião da Anatel para avaliar mais um pedido de recuperação judicial.
Nos bastidores do setor de Telecomunicações já se comenta que a V.Tal, além de estar de olho no espólio de fibras ópticas da Telebras, caso seja vendida ou parte do seu capital, também mira a rede de fibras da Eletronet – estatal de infraestrutura de rede de Telecomunicações do setor elétrico, que não entrou no pacote da venda da Eletrobras pelo Governo Bolsonaro.
A manobra não chega a ser uma novidade, pois a Oi sempre deteve a maior parte da sua rede de fibras graças ao aluguel de infraestrutura que fazia com empresas do Grupo Eletrobras. Sob os olhos complacentes da Anatel.
A participação de Fabio Faria nesse processo pode estar sendo vista como fundamental para o BTG Pactual, já que o Ministério das Comunicações está nas mãos do União Brasil e com a mesma equipe que deixou lá. E na área econômica do Governo Lula o PPI, que realiza o trabalho de desestatização, continua em mãos bolsonaristas atuando sob o comando da liberal Simone Tebet.
*Mistérios.