O “Estudo de Conectividade das Escolas Públicas” da Organização Social MegaEdu, apoiada pelo empresário Jorge Paulo Lemann é uma junção de informações públicas fornecidas pela Anatel, e o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão vinculado ao MEC e responsável pela promoção de estudos, pesquisas e avaliações periódicas sobre o sistema educacional brasileiro. Não há nenhuma novidade nele que justificasse ser a “Bíblia” do Ministério da Educação, ou ser referência de uma “Estratégia Nacional de Educação Conectada” lançado esta semana pelo governo.
Não há nada nele que tenha sido informado ao público, que o próprio MEC não pudesse obter através de seus estudos internamente e junto à Anatel.
O acordo MEC/MegaEdu, que acabou levando a ONG a ter assento privilegiado nas discussões governamentais sobre distribuição de recursos para projetos de conectividade nas escolas foi classificado pela Secretaria de Comunicação Social (SECOM) como um “convênio de compartilhamento de um estudo já feito pela entidade sobre a relação de conectividade das escolas e a infraestrutura de internet brasileira”.
É um argumento pífio, feito às pressas pela Comunicação do governo para responder reportagens do jornal o Estado de São Paulo, que vem denunciando o jogo político dentro do MEC e do Ministério das Comunicações. A promiscuidade do governo com as ONGs, não claramente explicado até agora se isso é para obter delas o auxilio na execução de políticas educacionais ou se apenas querem o sinal verde delas para definir onde gastar e, possivelmente, com quem gastar os quase R$ 8 bilhões em projetos de conexão de escolas à Internet.
O estudo da MegaEdu é apresentado como resultado de uma parceria feita com Boston Consulting Group. A maioria das imagens ilustrativas da apresentação em Power Point vem citada a fonte das informações. E ali fica claro que a ONG e a consultoria se valeram de dados que já estavam com o governo. Talvez o único mérito seja os ter reunido para a elaboração do estudo. Mesmo assim é difícil acreditar nessa versão, pois a Anatel e o INEP não se cansam de chamar a imprensa para falar de seus números.
Para compreensão dos leitores, o “Projeto C2DB” citado em diversos slides da apresentação e que se chama “Crowdsourcing for Digital Connectivity in Brazil”, trata-se de um convênio assinado em 2021 entre a Anatel e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cujo objetivo era “criar condições para mapeamento da conectividade no Brasil”.
*Vamos dar uma segunda chance ao MEC e ao Ministério das Comunicações: Para quê mesmo é esse convênio com uma ONG apoiada pela Fundação Lemann, de interesse de outras 14 entidades do “terceiro setor”?
*Vejam o “estudo” da MegaEdu no link abaixo:
