Por Jeovani Salomão* – Maceió é uma pérola do litoral brasileiro. Uma quantidade incrível de paisagens incríveis, diversas opções de lazer, quando se está na praia ou nas lagoas de água doce. Você pode optar por piscinas naturais, por invadir o mar dezenas de metros com a água batendo nos joelhos, por ondas para quem gosta de “pegar jacaré” ou surfar. Pode, ainda, escolher andar de “banana-boat”, lancha, de barco-voador, jangada, catamarã, ou qualquer outra embarcação que você imaginar. Se preferir, pode, também, mergulhar, aprender kitesurf, andar de bugue ou de triciclo. Caminhar pela orla e fazer esportes como vôlei, futevôlei ou “beach” tênis.
Já escrevi, em artigos anteriores, que parte do turismo mundial será feito de forma virtual. Teremos salas de simulação nas quais, por meio de realidade virtual, o turista vai conhecer novos lugares sem sair da sua cidade. Serão experiências ricas, sensoriais, que servirão, dentre outras coisas, para que os viajantes possam escolher com antecedência seus destinos. Tenho certeza de que Maceió seria um dos locais preferidos.
Para quem está visitando a cidade, como eu, ainda há um polo gastronômico de qualidade. Excelente variedade de comidas regionais, tanto litorâneas quanto do sertão, mas também um grande conjunto de cozinhas com culinária internacional. O hotel em que estou com a família já compreendeu a necessidade de um serviço de alto padrão, e imagino que esse comportamento seja o mesmo nas demais hospedagens de bom nível da cidade. A cultura do turismo está bem sedimentada nesse paraíso urbano.
No entanto, há algo que sempre fugiu à minha compreensão, quando o assunto é receber um visitante de fora. Seja nos hotéis, seja na maioria das praias – e ressalte-se que essa não é uma exclusividade de Maceió; o preço daquilo que se consome é exageradamente alto. É impossível, para mim, compreender porque um isotônico custa no hotel quatro vezes mais caro do que no comércio normal, ou porque o camarão no restaurante da praia, com qualidade normalmente inferior, é mais caro do que aquele dos bons restaurantes da cidade. É possível que o hotel não queira vender isotônicos, por isso coloque um preço abusivo, mas duvido que o restaurante da praia não queira vender petiscos.
Evidentemente, que por questões restritivas ou de conveniência, o turista acaba pagando um preço mais alto, com relação de custo-benefício altamente duvidosa. Mas será que esse consumo traz o melhor lucro possível para quem está vendendo? A conta não é difícil de ser feita, imagine que o lucro do hotel em um isotônico vendido por R$ 16, 00 seja de R$ 10,00, enquanto se for vendido por R$ 10,00 seja de R$ 4,00. Então, caso o hotel venda, no segundo caso, três vezes mais isotônicos com o preço mais baixo, vai ter mais lucro.
Calcular essas probabilidades é uma das ramificações da Pesquisa Operacional, matéria na qual iniciei o meu mestrado, mas que não cheguei a concluir, por razões já contadas em outro artigo. Existe uma ciência bem estruturada para fixação de preços ótimos, mas duvido que qualquer restaurante de beira de praia já tenha ouvido falar nisso.
Um governo ideal atuaria nessas horas. Poderia, por um lado, ser um grande agente para fomentar a digitalização das arenas turísticas de Maceió para o mundo, com experiências baseadas em realidade virtual, mas também poderia oferecer capacitação para os estabelecimentos comerciais turísticos, de forma que estes pudessem encontrar uma formação de preço que maximizasse simultaneamente seus lucros e a satisfação do cliente. Sim, quando o cliente consome um produto ou serviço com bom custo-benefício, ele fica mais satisfeito, eventualmente compra mais e aumenta substancialmente sua chance de retornar ao local. Aconteceu conosco na barraca do Saulo, na praia de Ipioca. Serviço de alta qualidade, bons petiscos e um preço muito justo. Gastamos tanto quanto em outras praias, mas consumimos mais e ficamos mais satisfeitos. Por isso, amanhã, enquanto esse artigo estiver sendo publicado, nossa família estará de volta à Ipioca, primeira praia que repetiremos um passeio, justamente na barraca que nos ofereceu o melhor custo-benefício da nossa viagem até agora. Sou adepto dos bons exemplos e, por isso, espero que o Saulo fique rico!
*Jeovani Salomão é empresário do setor de TICs e ex-presidente do Sinfor e da Assespro Nacional.