Demora na criação da ANCiber leva empresas para seguro de riscos cibernéticos

Levantamento feito pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), constatou que as operadoras de seguro registraram um salto de 512% no faturamento do primeiro semestre deste ano com o seguro de riscos cibernéticos, se comparados com os dados do mesmo período nos últimos quatro anos. Em números, significa que as operadoras, que no primeiro semestre de 2020 registraram um faturamento de R$ 17,8 milhões, de janeiro a junho de 2024 alcançaram a marca dos R$ 110,6 milhões. No comparativo com o primeiro semestre de 2023, o aumento da procura por essa modalidade de seguro representou 12,7%.

De acordo com João Fontes, coordenador da Subcomissão de Linhas Financeiras da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Federação que integra a CNseg, o aumento contínuo de golpes e ameaças cibernéticas no Brasil impacta empresas de todos os portes e setores. Ele lembrou que o seguro de Riscos Cibernéticos oferece proteção contra danos diretos ocasionados por ciberataques que geram perdas financeiras, como extorsão e lucros cessantes, e de conteúdo informacional, como vazamento de dados.

Além disso, João explicou que o seguro também pode ser utilizado para cobrir reclamações decorrentes de uso indevido de informações e violação da privacidade e dos direitos de propriedade intelectual.

Dados consolidados pela Mordor Intelligence em todo o mundo estimam que o tamanho aproximado do mercado de Seguro Cibernético em 2024 seja de USD 16,09 bilhões e projeta que, em 2029, esse total possa atingir USD 39,58 bilhões. “Esse contexto enfatiza a necessidade urgente de priorizar investimentos em cibersegurança em todas as atividades comerciais, o que reflete no aumento da arrecadação e contratação do seguro cibernético”, declarou Fontes.

A constante jornada de proteção de dados continua sendo um desafio dentro das organizações, sendo quase unânime a percepção dos executivos sobre o aumento da superfície de risco por conta da rápida adoção da IA Generativa, que demandará novas medidas para proteger os dados. A Pesquisa Global Digital Trust Insights 2024, que conversou com 1,5 mil responsáveis pelas decisões de TI e de segurança de empresas, identificou que 88% dos entrevistados acreditam que a Inteligência Artificial generativa criará desafios e que 79% deles estão preocupados com a possibilidade de enfrentarem um evento disruptivo ainda em 2024.

ANCiber

O texto do projeto de lei de autoria do Poder Executivo, que visa a criação do novo regulador da segurança cibernética no Brasil já está pronto na Casa Civil da Presidência da República, dependendo apenas da assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser enviado ao Congresso Nacional. Segundo alguns parlamentares ligados à questão no Congresso Nacional, tão logo o Executivo encaminhe a proposta, ela deverá ser acompanhada de um pedido de urgência para a apreciação da matéria.

A ANCiber deverá estar vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e terá como principal missão regular todas as questões vinculadas aos crimes virtuais nas esferas pública e privada. O orçamento minúsculo previsto, frente aos desafios que terá, será da ordem de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões.