Cerca de 76% dos trabalhadores da regional da Dataprev do Rio de Janeiro decidiram apoiar a greve que está sendo articulada pela Fenadados e sindicatos em todo o país. O comparecimento à assembleia foi em torno de 600 trabalhadores. Novas assembleias estão previstas para amanhã em Estados do Nordeste, que definirão quando efetivamente param suas atividades em apoio ao movimento ( já estão em “estado de greve”). Procurada, a direção da empresa explicou que “não foi comunicada oficialmente sobre a deliberação da categoria pela realização da greve”.
No caso do Rio de Janeiro a greve está prevista para começar no dia 18. A importância da regional carioca para o movimento é fundamental, pois é lá que fica concentrado o data center que opera o banco de dados referente ao pagamento de aposentados e pensionistas. E também a salinha destinada à despachos, que foi criada para agradar a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. A estatal está vinculada a esse ministério.
A disputa política entre a direção da estatal e os sindicatos ocorre em função da proposta de Teletrabalho que a empresa decidiu oferecer aos trabalhadores e eles são contra. Por entenderem que qualquer decisão nessa direção deve passar como cláusula dentro do Acordo Coletivo de Trabalho. A direção da empresa resiste à ideia e ofereceu no mês passado a seguinte opção:
“Consequências“
Está circulando um áudio com a fala do presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção, que este blog teve acesso, no qual ele fala sobre “consequências” que uma greve poderá gerar para a empresa. “A luta tem questões e tem consequências também que todo mundo tem que entender e pensar”, disse Assumpção.
A frase, aparentemente foi extraída de um contexto, no qual o presidente da Dataprev procurou mostrar que não está desejando esse confronto com os trabalhadores. Mas se tal greve ocorrer isso poderá ser prejudicial para todos. Tal declaração gravada em alguma reunião interna da empresa, está correndo as redes de bate papo em serviços de mensagens dos funcionários, com a intenção de mostrar uma ameaça de Assumpção a quem fizer a greve.
Este blog entende que a declaração do presidente soa como uma obviedade. Qual greve, por mais direitos que os trabalhadores tenham de realiza-la, não traz depois consequências dentro da empresa? Mas Assumpção precisa entender que, da última vez que os trabalhadores da Dataprev realizaram uma greve geral, a maior “consequência” sofrida dentro da empresa foi a queda do diretor Administrativo que se recusou em atender as reivindicações dos trabalhadores e preferiu partir para o confronto.
Ameaça ou não, a frase disparada pelo presidente serviu mais para apagar um incêndio dentro da empresa com querosene, do que alguma tentativa na direção da conciliação.
