O travamento nas compras de itens considerados “estratégicos para a empresa”, que não necessariamente seriam “divisórias, móveis e utensílios”, também classificados como tal, apenas deixa patente a incompetência de sua diretoria administrativa para lidar com as necessidades que a Dataprev têm para manter as operações em dia ou sem riscos futuros.
Depois de cinco meses a direção da empresa deixa claro em seu “planejamento estratégico”, que sequer conseguiu usar o seu orçamento de investimentos de R$ 117 milhões previsto para 2022. Deste total estimado em investimentos em bens e serviços de TI, a Dataprev aplicou apenas R$ 4 milhões.
No geral, a empresa só consegue apresentar dados de que vem tentando realizar aquisições de bens e serviços. Em muitos casos as informações mostram que a empresa sequer saiu da fase elaboração de “estudos técnicos”, ou seja, do papel.
No quadro abaixo a direção mostra suas aquisições com recursos para investimentos e custeio. Fica claro (no quadro central) que muitas das contratações sequer foram iniciadas (19), ou estão em estudos na fase da estimativa de preços para fechar o edital (20), ao apenas tiveram o aviso de licitação publicado junto com o edital (12). Em pelo menos oito casos elas até foram canceladas (8). A maioria ainda está na fase do “aceite”.
Mas esses problemas não começaram de agora. Desde o balanço apresentado no ano passado a Dataprev vinha apresentando sinais de estagnação administrativa na virada do exercício de 2020 para o de 2021, na questão da execução de investimentos: “No geral, houve queda de R$ 34,9 milhões na execução de investimentos de 2020 para 2021. Em 2020, eles chegaram a R$ 59,8 milhões e, em 2021, a apenas R$ 24,88 milhões”, informaram os auditores independentes no balanço 2020/2021.
Até mesmo os auditores independentes, embora não tenham criticado diretamente; educadamente informaram que já em 2020 a diretoria reduziu “investimentos” – que via como “estratégicos” – em reformas de fachada de prédios e melhorias do ambiente de trabalho. Investimentos em coisas que ninguém utilizava, já que todos os funcionários estavam obrigados ao regime de home office em função da pandemia do Coronavírus.
“As aquisições enquadradas como “Imóveis, Benfeitorias e Reformas” tiveram uma queda na realização em 39,43%. A principal contratação nesta linha foi ainda a revitalização de Fachada do prédio da Rua Professor Álvaro Rodrigues no Rio de Janeiro – RJ – obra iniciada antes da pandemia e em estágio bastante avançado. (…) Destaque também para as obras no “Centro de Blockchain” na Unidade de Desenvolvimento de Sta. Catarina. Apesar de não ter tanta representatividade no total (2,6%), houve grande evolução nas aquisições de “Móveis, Máquinas e Equipamentos”, informaram os auditores das contas da Dataprev em 2021.
Ou seja, a prioridade da direção da Dataprev na época era ter uma fachada bonita em sua regional no Rio de Janeiro ou acomodações dignas para as bundas premiadas de funcionários Santa Catarina. Só que todos estavam em casa.
Mas para não dizer que tudo se resumiu a investimentos em obras de fachadas de prédios, a Dataprev entre o período 2020/2021 fez aquisições para manter as operações da empresa.
“As três maiores aquisições de hardware se deram com o Storage Objeto, no valor de R$ 8,5 milhões; Servidores X86 no valor de R$ 7,3 milhões e Rede Lan no valor de R$ 1,4 milhões. Nesta mesma ação, em relação à software, os destaques se deram na contratação de suporte técnico para contratação de serviços e atualização de licenças da CA, no valor total de R$ 1,4 milhões”.
Os evidentes sinais de incompetência administrativa ocorreram em fevereiro deste ano, quando este blog denunciou que a Dataprev, uma empresa de Tecnologia da Informação, não era capaz nem de comprar computadores para os seus funcionários. Em março a mesma falha foi detectada novamente, quando a empresa cancelou contratação de solução para uso em seus três centros de dados.