China joga os EUA para a 10ª colocação no ranking das pesquisas em IA Generativa (parte II)

O desenvolvimento de pesquisas voltadas para a Inteligência Artificial Generativa está majoritariamente concentrado nos países asiáticos, com a China liderando e ocupando oito das dez primeiras colocações, no ranking das 20 principais organizações de pesquisas de famílias de patentes GenAI apresentado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI). Os chineses só cederam espaço na quinta colocação para o Conselho Nacional de Pesquisa em Ciência e Tecnologia (Coreia do Sul) e a décima posição para a Universidade da Califórnia.

Das 20 principais organizações de pesquisa de famílias de patentes GenAI, as instituições de pesquisa chinesas ocupam nove posições, além das quatro principais do ranking. “A Academia Chinesa de Ciências está muito à frente em termos de famílias de patentes baseadas em dados de imagem/vídeo”, segundo a OMPI e que estão no foco da maioria das organizações. Essa instituição também lidera na maioria dos outros modelos GenAI.

“As únicas exceções estão na categoria de modelos de imagem 3D, onde a Universidade Tsinghua lidera o ranking com 32 famílias de patentes e famílias de patentes baseadas em software/código, onde a Universidade Zhejiang ocupa o primeiro lugar com 10 famílias de patentes”, destaca.

Já no número de famílias de patentes GenAI baseadas no uso de dados de texto ou fala/voz/música
é menor entre a maioria das principais universidades e organizações de pesquisa, o que contrasta com as
prioridades de pesquisa das principais empresas. Porém, no grupo dos países asiáticos o Conselho Nacional de Pesquisa de Ciência e Tecnologia da República da Coreia e as organizações de pesquisa japonesas (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação, Universidade de Tóquio, Universidade de Osaka), são as instituições que mais investem em modelos de fala/voz/música/texto. Segundo ao OMPI essa participação delas é tão alta ou maior que o número de patentes baseadas em dados de imagem/vídeo.

Desenvolvimento global

Os modelos de inteligência artificial generativa voltados para aplicações na categoria imagem/vídeo, são as mais pesquisadas nos meios acadêmicos e científicos. Entre 2014 e 2023 já havia quase 18.000 famílias de patentes neste modelo, sendo que houve um salto em 2023 quando deste total foram registrados os pedidos para mais de 5.100 famílias de patentes.

“As famílias de patentes que contêm o processamento de texto e fala/som/música são o terceiro e o quarto maiores modos em termos de famílias de patentes, com quase 13.500 famílias cada no mesmo período”, destaca a OMPI.

Mas a organização lembra que há pelo menos 14.300 publicações de modelos GenAI, entre 2014 e 2023, que não podem ser “claramente atribuídas” a nenhum tipo de dados específico. “Algumas famílias de patentes são atribuídas a mais de um modo, pois uma quantidade crescente de modelos GenAI, como MLLMs, estão superando a limitação de apenas um tipo de entrada de dados e, em vez disso, podem acessar o conhecimento de várias modalidades”, explica a pesquisa.

Outro dado interessante levantado pela OMPI é o crescimento de pedidos de patentes de modelos de IA generativa para análise em imagem/vídeo e moléculas/genes/proteínas, que aumentaram mais na última década (uma taxa média de crescimento anual de cerca de 45% entre 2014 e 2023). O maior crescimento desde 2018 foi em publicações de patentes relacionadas a moléculas/genes/e proteínas, incluindo nos últimos três anos desde 2021:

Principais proprietários de patentes

O domínio chinês é enorme. Por exemplo, a liderança mundial no ranking das empresas ou corporações que mais pediram propriedade intelectual em IA generativa vem sendo ocupada pela gigante chinesa da area de mídia social/jogos; a Tencent Holdings. A corporação tem atuado bastante em pesquisas de modelos que processam os tipos de dados imagens/vídeo, texto, fala/voz/música, além de outros segmentos.

Outras duas empresas chinesas (Ping An Insurance e Baidu) concorrem com a Tencent nas famílias de patentes com padrão de pesquisa semelhante nos mesmos modelos.

A norte-americana IBM, por sua vez, está na quarta colocação como principal empresa dos EUA em termos de famílias de patentes GenAI. A IBM tem muitos pedidos de patentes baseadas em processamento de texto. Além disso, a norte-ameficana é líder mundial em famílias de patentes GenAI na categoria software/código.

A coreana Samsung, por sua vez, buscou o foco nas pesuisas que podem contribuir para o avanço dos seus equipamentos eletrônicos e está em sexto lugar nos estudos de inteligência artificial generativa baseados em modelos para processar imagem/vídeo, texto ou fala/voz/música.

Os pontos fortes da Alphabet/Google em GenAI estão em software/outros aplicativos, ciências médicas e biológicas, transporte e telecomunicações. A empresa também é líder mundial em GenAI na agricultura.

A maioria das patentes GenAI da Bytedance estão nas áreas de software/outros aplicativos e gerenciamento e publicação de documentos.

A Microsoft desenvolveu muitas famílias de patentes GenAI na última década em software/outros aplicativos, gerenciamento e publicação de documentos, soluções empresariais e dispositivos pessoais.

A BBK Electronics tem um foco claro em pesquisa em software/outros aplicativos.

Outras empresas notáveis ​​de pesquisa GenAI fora do top 10 incluem:

– Huawei (China): a empresa chinesa de TIC tem foco em pesquisa em software/outros aplicativos, gerenciamento e publicação de documentos, soluções empresariais, telecomunicações e transporte.
– Adobe (EUA): a empresa de software tem muitas famílias de patentes GenAI nas áreas de software/outros aplicativos e gerenciamento e publicação de documentos.
– Bosch (Alemanha): o maior fornecedor de automóveis do mundo é uma das principais empresas de pesquisa GenAI em transporte.
– Netease (China): a empresa chinesa de jogos é líder mundial em patentes GenAI em entretenimento.
– Siemens (Alemanha): o conglomerado industrial alemão desenvolveu o segundo maior número de patentes GenAI em ciências médicas e biológicas.
– Nvidia (EUA): a principal fabricante de chips para chips de IA de alta tecnologia tem muitas patentes GenAI nas áreas de software/outros aplicativos, entretenimento e transporte.
– Sony Group (Japão): o conglomerado japonês tem o terceiro maior número de patentes GenAI em entretenimento.
– LG Electronics (República da Coreia): o conglomerado eletrônico da República da Coreia está em segundo lugar em GenAI em transporte e redes/cidades inteligentes.
– Bank of China (China): o grande banco chinês tem muitas patentes GenAI em bancos/finanças (segundo lugar).
– UiPath (EUA): a empresa de automação de processos robóticos desenvolveu a maioria das famílias de patentes GenAI na indústria e manufatura e também é líder em pesquisa em soluções empresariais.
– Hitachi (Japão): o conglomerado japonês tem a segunda maior quantidade de famílias de patentes GenAI em gerenciamento de energia.
– Autodesk (EUA): a empresa de software é uma das principais empresas de pesquisa em GenAI em ciências físicas e engenharia, bem como indústria/manufatura.
– State Grid (China): a maior concessionária de serviços públicos do mundo é líder mundial em patentes GenAI em gerenciamento de energia e também desenvolveu muitas patentes GenAI nas áreas de indústria, manufatura e segurança.

Famílias de patentes publicadas em modelos GenAI nos principais locais de inventores, 2014–2023:

Tendências globais

A Organização Mundial da Propriedade Intelectual tem a expectativa de que a Inteligência Artificial Generativa “tenha um grande impacto em muitos setores, à medida que ele encontre seu caminho em produtos, serviços e processos, tornando-se um facilitador tecnológico para criação de conteúdo e melhoria de produtividade”.

E citou como exemplo um estudo recente da McKinse (2023), que estimou que a IA generativa poderá adicionar entre US$ 2,6 trilhões e US$ 4,4 trilhões anualmente em uma ampla gama de casos de uso da indústria.

“A consultoria acredita que bancos, alta tecnologia e ciências biológicas estão entre os setores que podem ver o maior impacto do GenAI”, destaca a OMPI.

Nessa análise de patentes, a organização afirma que pode identificar as aplicações em que as atividades de pesquisa estão focadas. E divulgou uma lista que mostra 21 áreas de aplicação da IA generativa, de acordo com as patentes publicadas na última década:
Software and other applications
Life sciences
Document management and publishing
Business solutions
Industry and manufacturing
Transportation
Security
Telecommunications
Personal devices
Banking and finance
Physical sciences and engineering
Education
Entertainment
Arts and humanities
Computing in Government
Networks and smart cities
Industrial property, law, social and behavioral sciences
Cartography
Military
Energy management
Agriculture

A OMPI descreveu assim, a sua percepção a partir dessa análise de pedidos e publicações que pesquisou em suas bases de dados:

“O maior domínio de aplicação é a categoria de software. No entanto, para observar, um grande número de famílias de patentes não pode ser atribuído a uma aplicação específica e, em vez disso, são incluídas na categoria software/outras aplicações. As famílias de patentes nas outras categorias são menores em número, com ciências biológicas em segundo lugar (5.346 famílias de patentes entre 2014 e 2023) e gerenciamento e publicação de documentos (4.976) em terceiro lugar (Figura 26). Outras aplicações notáveis ​​com famílias de patentes GenAI variando de cerca de 2.000 a cerca de 5.000 no mesmo período são soluções de negócios, indústria e manufatura, transporte, segurança e telecomunicações”.

A OMPI fez questão de frisar em seu relatório, que embora setores como Agricultura aparentem ter pouco interesse de organizações científicas e empresas, nos últimos três anos esse quadro pode ter mudado. “Houve tendências de crescimento divergentes com taxas de crescimento muito altas em áreas de aplicação menores, como agricultura e gestão de energia, e grandes campos, como ciências biológicas, segurança e ciências físicas/engenharia”.

No contraponto, a OMPI informa que houve casos de estagnação nos registros de patentes em áreas como telecomunicações, militar, artes e humanidades ou propriedade industrial/direito/ciências sociais e comportamentais.