Sugiro aos organismos de controle, se não estiverem fazendo nada demais, darem uma passadinha para conversar com Claudio Salituro, vice-presidente de Tecnologia Digital da Caixa Econômica Federal. Lá andam acontecendo coisas estranhas, que podem estar se refletindo nas monstruosas filas nas portas das agências por conta do pagamento do auxilio emergencial da pandemia do Coronavírus.
O banco alega que uma quantidade enorme de pessoas que buscam pelo auxilio emergencial de R$ 600 do governo, está se dirigindo às agências, quando deveriam acessar o aplicativo pelo celular.
Porém, informações que este site colheu junto ao pessoal da Tecnologia, vão na direção contrária. Segundo essas fontes, as falhas alegadas pela população no uso do aplicativo, decorreriam por causa de decisões erradas tomadas pela direção da CEF. A chefia decidiu migrar seus sistemas para duas nuvens distintas (IBM e Microsoft), causando a maior confusão na integração dos sistemas. Num momento que era desnecessário tal serviço, que vem se acumulando e atordoando a execução as ações das equipes de TI que deveriam estar focadas apenas no pagamento emergencial.
“A TI está se desdobrando, mas a diretoria toma umas atitudes que só nos atrapalham”, contam essas fontes. “Temos vários colegas, quase sem dormir, trabalhando no amor, porque não tem sequer hora extra para quem ultrapassa o horário de trabalho, para não deixar na mão o pessoal das agências e a população”, arrematam.
Para essas fontes, os problemas foram se acumulando no momento em que a diretoria decidiu contratar a migração de duas nuvens distintas. O motivo para a escolha desses contratos são obscuros. Mas a migração exige cumprir cronogramas de serviços que podem estar afetando as operações da CEF. É como se estivessem consertando o motor de um caminhão e andando com ele ao mesmo tempo.
As nuvens contratadas são da IBM (onde está sendo hospedado o aplicativo do pagamento emergencial) e a da Microsoft (que hospeda o sistema autenticador, que estaria travando o processo, segundo as críticas do pessoal da TI). No sistema autenticador é que está o coração de todo o processo de concessão dos benefícios, e seria nele o causador do problema que vem gerando as filas.
É de se perguntar por que duas nuvens para fazerem serviços complementares. Não teria sido mais lógico escolher com qual nuvem trabalhar? Ou será que a direção morre de “amore$” pelas duas e não consegue se decidir com quem ficar?
Essas demora na conclusão do serviço de migração, que travam os sistemas da CEF, acabam fazendo a diretoria culpar a equipe de TI. Cobram dos técnicos a responsabilidade pelas eventuais falhas que vêm ocorrendo, quando a decisão intempestiva de migrar agora para duas nuvens distintas, tomada por eles, é que pode ter complicado todo o processo. “A equipe de TI tem trabalhado duro na migração e no atendimento, mas no fim está levando a culpa pelo fracasso nisso tudo”, destacaram as fontes.
Segundo contam ainda, a decisão de migrar o sistema Autenticador para a nuvem da Microsoft foi tomada numa única tarde, sem que se avaliassem as consequências que tal medida poderia acarretar na sua funcionalidade do serviço de concessões de benefícios. Num momento em que ele está sendo muito demandado nos pedidos de auxílio feitos pela população.
*Acho que valia um “papinho de auditor” com essa direção, não acham?
** Foto: Roberto Moreyra / Agência Globo