Ao fazer a sua apresentação por videoconferência ontem (13) na Câmara dos Deputados, o presidente da Abinee, Humberto Barbato, fez dois alertas importantes. Primeiro, disse que o momento é favorável para o Brasil voltar à política industrial de produção interna de chips. “E não só o chip do boi”, comentou ele.
O segundo alerta foi quanto atração de investimentos estrangeiros para o Brasil nessa área. Barbato considera pouco provável nesse momento no interesse externo pelo Brasil, porque os EUA e a União Europeia estariam concentrados no esforço de reerguer a sua indústria o mais breve possível, como forma de se livrar da pesada dependência tecnológica que estão mantendo com os fabricantes de chips asiáticos.
Foi a segunda vez que o presidente da Abinee, Humberto Barbato, se manifesta na direção da defesa da produção local de chips. O empresariado na indústria elétrica e eletrônica sempre esteve em posição antagônica à dos empresários da ABISEMI – Associação Brasileira das Empresas de Semicondutores, que desde o Governo Bolsonaro vinham apoiando o Ministério da Economia na sua estratégia de extinção da Ceitec. Agora a ABISEMI mudou de lado nessa discussão, enquanto a Abinee manteve o seu.
Isso pode ser comprovado com base na audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados realizada em outubro de 2021, em que Barbato jogou uma pá de cal na estratégia de extinguir a Ceitec. O setor elétrico e eletrônico defendeu a produção local de chips uma vez que na época o setor sofria com a escassez de componentes eletrônicos após a queda da produção na Ásia por conta da pandemia da Covid-19.
Barbato deixou claro que o país deveria aproveitar todas as alternativas possíveis para sair da crise de componentes, inclusive retomando a antiga política industrial de semicondutores que o Ministério da Economia deliberadamente extinguiu.