A Tocha: Serpro e a armadilha do “lucro”

A gestão de Wilton Mota à frente da presidência do Serpro já está precificada para o PT paulista: R$ 685,2 milhões. Este foi o lucro líquido obtido pela estatal em 2024, na gestão de Alexandre Amorim. Não importa o quanto desse montante não pare em pé, se algum dia os auditores da empresa descolarem a bunda da cadeira para investigar como foram fechados certos “acordos de parceria” na gestão Alexandre Amorim. Esse valor virou teto e será usado pela turma do ministro Fernando Haddad contra Wilton. Basta apenas que ele, por uma questão de moralidade pública, resolva cancelar certos contratos. Se o lucro cair um único real que seja em função disso, o nome do funcionário Wilton Mota estará na boca do sapo.

Mazoni passou por isso

No apagar das luzes do Governo Dilma Rousseff, o então presidente do Serpro, Marcos Mazoni, sofreu um tipo de estratégia bastante similar para ser derrubado, envolvendo as contas da estatal. Só que no caso dele o prejuízo foi fabricado com um “ajuste fiscal” que deixou a empresa com diversos órgãos inadimplentes. Não pagavam, alegavam falta de orçamento, mas o Serpro mantinha os serviços porque eram do interesse do Estado. A conta obviamente não fechou e a empresa apresentou um grande prejuízo, levando à queda de Mazoni. Pois bastou ele sair que a então presidente, Glória Guimarães, tirou a empresa do vermelho milagrosamente. Os órgãos devedores do dia para a noite passaram a pagar o Serpro. Curioso, né?

Serpro/INSS

O sono do novo presidente do Serpro, Wilton Mota, diante destes cenários todos, tende a desaparecer ainda mais, quando ele avalia o seguinte: para manter esse “lucro líquido”, forjado por Alexandre Amorim à base de “parcerias” nada ortodoxas, ele faz o mesmo que ocorreu no INSS? Explico. Em 2023, quando tomou conhecimento de um mega esquema para fraudar os velhinhos criado no Governo Bolsonaro, a direção do INSS, já na Gestão Lula, deixou o troço prosseguir até estourar recentemente. Podia ter evitado o problema, mas não fez. Resultado: assumiu para si a responsabilidade por uma vigarice que não foi quem criou.

COP30

O “mercado” achou graça a informação de que a Dataprev estaria desmontando os 1800 equipamentos para WiFi, que adquiriu para garantir a conectividade da COP30. E que pretende distribuí-los em órgãos públicos carentes de sinal de Internet. Segundo essas fontes, a Dataprev nem chegou a tirar da caixa metade desses equipamentos, pois não tinha necessidade de tantos pontos assim no evento realizado em Belém.

Ingratos

A Telebras lembrou de chamar o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, para o lançamento da sua nova logomarca, mas se esqueceu de convidar o pessoal da EACE – a entidade que executa o programa “Aprender Conectado”. Pelo menos ninguém da direção dessa entidade apareceu no evento. A EACE tem com a estatal um dos maiores contratos para conectividade de escolas públicas remotas, num total de 13 mil unidades de ensino no Brasil. Poxa, será que o povo da Anatel foi?

*Recomendo a leitura.

CTRL C…

Não tem nada melhor na vida, do que discutir “Economia de Dados”, durante cinco dias na Bélgica e em Portugal. Pois foi o que uma delegação brasileira fez na Europa: um “intercâmbio técnico” que teve por objetivo: “trazer subsídios para a Política Nacional de Economia de Dados, que está em construção no governo federal”. Participaram dessa dolorosa “missão” representantes dos ministérios do Desenvolvimento, Justiça, das Relações Exteriores, da Gestão e Inovação (MGI), além da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Agora fica a pergunta: não teria saído mais barato fazer videoconferências para discutir o assunto e pedir a cópia da legislação pelo “ZapZap”, para depois colocar no ChatGPT e construir a proposta brasileira?

Coalizão das bigs

Passado o calor dos debates sobre a proteção de crianças e adolescentes nas redes sociais, que resultou no “ECA Digital” sancionado pelo presidente Lula, chegou a hora das big techs “melarem” a regulamentação através dos seus escritórios de lobby, nos bastidores políticos. Criaram até um movimento bonito: “Coalizão pela Implementação Responsável do ECA Digital”. E o que faz essa “coalizão”? Produz uma “carta aberta” pedindo o adiamento por um ano da vigência do ECA Digital. E a turma nem se esconde mais na hora de fazer pressão. Assinam essa carta e divulgam publicamente, a Safernet, Fecomércio-SP, Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), Instituto Livre Mercado, Associação Brasileira de Segurança Cibernética (Abraseci), Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial (IBDEE), Conselho Digital e Câmara-e Net.

Enquanto isso…

A poderosa ANPD faz aquilo que mais gosta: segue em “missão internacional”, na França, para “fortalecer” a agenda digital brasileira

Agora vai!

Proteína espacial

Lançamento de foguete sempre dá aquela fominha. E para acabar com ela, o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, do Centro de Lançamento de Alcântara, decidiu adquirir “proteínas na classificação de carne suína, pescados e marisco”, para a Subsistência da base. Custo total: R$ 691.404,50. Cinco empresas irão fornecer o “rancho” até novembro de 2026. Só não entendi por que a área de C&T é quem define o tipo de “proteína” que irão consumir. Mas é isso: se não tiver proteína, o foquete não sobe.

Perguntar não ofende

A Ceitec ainda está viva? Já está produzindo? Desde que tiraram a empresa do processo de extinção e recontrataram parte da turma que trabalhava lá – a mesma que vivia me pedindo apoio para impedir a extinção – o silêncio virou regra naquela empresa. Deduzo que tudo deva estar às mil maravilhas, inclusive com os salários em dia. Nenhum problema. Se nada estiver certo lá dentro, essa mesma turma voltará a falar comigo assim que um governo Liberal assumir o poder, em Brasilia.

*Bom fim de semana.