
Os profissionais afirmam que convivem diariamente com ferramentas de IA generativa, mas ainda seguem com cautela: 51% dizem que o código gerado por IA é apenas “um pouco confiável” e exige validação contínua para garantir qualidade, precisão e segurança. Apenas 6% afirmam confiar o suficiente para implementá-lo diretamente. Mesmo assim, a tecnologia vem fortalecendo competências: 68% acreditam que a IA aprimorou suas habilidades técnicas, 44% relatam melhora no equilíbrio entre vida pessoal e trabalho e 36% afirmam que ampliou suas oportunidades de carreira em 2025.
Estes são alguns dos resultados de uma pesquisa global trimestral que investiga as opiniões de engenheiros de software e gerentes de projeto, realizada pela BairesDev® – empresa de desenvolvimento de software nearshore. A nova edição do Dev Barometer enfoca como a IA impactou os trabalhos dos profissionais em 2025 e como vem mudando o setor de software e as estruturas das equipes rumo a 2026, reunindo insights de 501 desenvolvedores e 19 gerentes de projetos em 40 países, incluindo 151 participantes do Brasil.
O impacto da automação não se limita ao presente. Cinco em cada dez desenvolvedores brasileiros acreditam que sua função será redefinida já em 2026. Entre aqueles que esperam mudanças, 80% dizem que passarão menos tempo programando diretamente e mais tempo projetando soluções técnicas; 59% preveem que integrarão códigos gerados por IA em seus fluxos de trabalho; e 55% imaginam uma atuação mais voltada para estratégia e arquitetura.
Para o CEO e cofundador da BairesDev, Nacho De Marco, essa transição já está em curso. Ele afirma que os desenvolvedores foram os primeiros profissionais a reinventar seus trabalhos em tempo real, usando a IA para aumentar produtividade, aprender mais rápido e impulsionar a inovação, em um movimento que tende a se espalhar para todos os setores do conhecimento.
2026
A expectativa é de que 2026 marque um ponto de inflexão no desenho das equipes de software e nas competências exigidas para se manter competitivo. Segundo a pesquisa, 67% dos desenvolvedores esperam o surgimento de novas oportunidades de carreira, enquanto 63% acreditam que a IA criará funções mais especializadas. Para 57%, as equipes deverão se tornar menores e mais enxutas, com automação substituindo tarefas básicas.
Apesar disso, há dúvidas sobre o impacto nas posições iniciais. Uma parcela de 22% prevê que funções de entrada exigirão habilidades mais analíticas e domínio de ferramentas de codificação assistida por IA. Já 19% apostam no crescimento dessas vagas, impulsionado pela criação de novos produtos e mercados, enquanto 23% acreditam em declínio dos cargos juniores tradicionais.
O mercado também já vem respondendo às mudanças. Quatro em cada dez desenvolvedores brasileiros conquistaram novas oportunidades de carreira em 2025, reflexo direto da incorporação crescente da IA nos ambientes de trabalho. Sete em cada dez profissionais afirmam que a tecnologia acelera a entrega de projetos e reduz o tempo de lançamento no mercado, economizando quase oito horas semanais de esforço.
Ainda assim, a maior parte do tempo dos desenvolvedores segue concentrada na escrita de código e na criação de funcionalidades (48%), além de depuração e correção de bugs (38%) e atividades de pesquisa e experimentação (36%). Apenas 21% dizem conseguir focar prioritariamente na resolução criativa de problemas e na inovação, percentual que tende a crescer à medida que a automação avança sobre tarefas rotineiras.
As projeções para 2026 também apontam para áreas específicas onde o emprego em tecnologia deverá crescer. Com equipes mais enxutas e estruturas especializadas, a demanda se desloca para competências avançadas e supervisão humana de processos automatizados. Mais da metade dos desenvolvedores brasileiros alertam que profissionais sem habilidades em IA correm o risco de ficar para trás. Entre gerentes de projeto globais, 76% indicam especialistas em IA e machine learning como a maior lacuna de talentos do futuro, seguidos por engenheiros de dados e engenheiros de prompt.
Para os desenvolvedores, as áreas de crescimento mais acelerado no próximo ano serão IA/ML (68%), segurança cibernética (54%) e análise de dados (42%). Além disso, 63% dos gerentes afirmam que as equipes precisarão de mais treinamento em IA, computação em nuvem e segurança.
A edição do Dev Barometer Q3 2025 já mostrava que a IA se tornou prática padrão: 89% dos desenvolvedores brasileiros utilizavam ferramentas de codificação assistida, economizando em média oito horas por semana. A nova edição, referente ao quarto trimestre, revela um setor amplamente definido pela integração da IA e pela evolução do papel do desenvolvedor rumo a funções mais estratégicas. A combinação de equipes menores, maior especialização e crescente necessidade de capacitação em IA, dados e segurança consolida um ciclo no qual a supervisão humana permanece essencial para transformar ganhos individuais em modelos repetíveis e escaláveis de desenvolvimento de software.
A pesquisa Dev Barometer foi realizada em outubro de 2025 com 501 desenvolvedores, dos quais 53% tinham mais de oito anos de experiência, e 19 gerentes de projeto atuando em 92 projetos. O Brasil teve a maior participação entre todos os países envolvidos, com 151 desenvolvedores respondentes.
Os principais resultados da pesquisa foram:
- Apenas 6% dos desenvolvedores brasileiros confiam no código gerado por IA o suficiente para usá-lo sem supervisão humana.
- 68% afirmam que a IA já fortaleceu suas habilidades técnicas, 44% dizem que ela melhorou seu equilíbrio entre vida profissional e pessoal e 36% dizem que ampliou suas oportunidades de carreira em 2025.
- 57% acreditam que a automação reduzirá tarefas de nível inicial, levando a equipes menores e mais enxutas em 2026.
- 5 em cada 10 (55%) desenvolvedores brasileiros acreditam que sua função será redefinida em 2026. Dentre eles:
- 80% esperam mudar da codificação para o projeto de soluções técnicas
- 59% esperam integrar código gerado por IA em seus fluxos de trabalho
- 55% antecipam um maior foco em estratégia e arquitetura








