
É incrível como o modelo que está sendo adotado pelo Governo do Paraná para a venda da estatal Celepar é idêntico ao que vem sendo aplicado ao Serpro, que no entanto não está em processo de privatização. Pelo menos não agora. Vejam, a Celepar poderá ser vendida a um grupo privado até o fim do ano, mas provavelmente não no todo, já que existem entraves sobre a guarda de dados sigilosos do governo. Essa questão ainda não foi resolvida pelo executivo estadual. O grupo que comprar a Celepar irá abocanhar por alguns anos, com garantia dada pelo governo, contratos que hoje estão estimados em R$ 2,2 bilhões.
Celepar Barriga de Aluguel
A principal plataforma contratada pelo Governo do Paraná para o desenvolvimento de aplicações e demais serviços será Google. As secretarias deverão repassar para a Celepar os códigos-fontes dos sistemas, para as empreas parceiras do Google desenvolverem novos aplicativos para o Estado. Uma curiosidade: mesmo que a Celepar não seja vendida, todo o desenvolvimento já estará terceirizado até o fim do ano, já foi repassado para a inciativa privada. Nada mais terá a chancela da estatal. Uma pequena parte da empresa poderá ficar na esdrúxula situação de continuar como estatal, mas na qualidade de revenda Google. Só a parte que garante a guarda de dados sensíveis, que pela legislação vigente são informações estratégicas de governo que não podem cair nas mãos do setor privado. Tudo mera coincidência, viu?
Venda da Celepar no Senado
O senador Sergio Moro (União-PR) aprovou o seu requerimento e a Comissão de Fiscalização e Transparência do Senado Federal marcou para esta terça-feira (8), às 14 horas, uma audiência pública, em que vai debater a privatização da Celepar. Moro, que é candidato do governo do Estado em 2026, abriu as baterias para cima do atual governador, Ratinho Júnior. Cobra informações claras sobre o que será feito com os dados dos paranaenses. Estão convidados para a audiência: o diretor-presidente da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Waldemar Gonçalves Ortunho Júnior; o diretor-presidente da Celepar, André Gustavo Souza Garbosa e; o representante da Comissão de Empregados e ex-coordenador de equipes técnicas das áreas de suporte, Jonsue Trapp Martins. O presidente da Celepar, ao que parece, já correu da audiência, não irá.
O “inimigo do meu inimigo”…
Mesmo que tenha interesse eleitoral por trás da medida, o fato é que o senador Sérgio Moro (União-PR) até agora foi o único parlamentar da bancada paranaense a trazer para o cenário nacional a discussão sobre a polêmica privatização da Celepar. Ninguém mais abriu o bico questionando certos aspectos da venda da estatal no Congresso Nacional, como a questão das salvaguardas para a proteção dos dados dos cidadãos no Estado. Méritos para ele então, certo?
Monetização
Interessante como todo mundo agora quer lucrar em cima dos nossos dados. Estava para ser aprovada na reunião dos BRICs, uma proposta para que os países fossem pagos pela geração dos dados que alimentam modelos de inteligência artificial. Mas a Índia deu para trás e somente aceitou a monetização em casos de uso de dados que envolvam questões de direito autoral. Foi por pouco!
BC, responda!
Quem vai pagar a conta desse roubo de quase 1 bilhão ocorrido em instituições financeiras, uma vez que o dinheiro estava sob sua custódia?
*Sinistro
Serpro Favela
Saiu hoje no Diário Oficial o custo da puxação de saco do Serpro para a primeira-dama Janja: R$ 120 mil. Esse foi o valor do patrocínio pago pela estatal, para um evento que nada tem a ver com Tecnologia da Informação: o “Favela Expo Paris 2025”. Trata-se de um desfile de cinco estilistas mulheres que contou com a presença de Janja e da esposa do presidente da França, Brigitte Marie-Claude Macron. Detalhe: na imprensa, o evento foi tratado como sendo “promovido pela Apex-Brasil”. Ou seja, nem para pegar uma carona na fama com a primeira-dama, a área de Marketing do Serpro foi capaz de conseguir.
Birra eleitoral
Já está causando certo desconforto na cúpula governamental, leia-se Palácio do Planalto, as constantes aparições do presidente da Anatel, Carlos Baigorri, fazendo campanha como candidato ao cargo de vice-secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (UIT). A turma anda meio brava, por entender que Baigorri ainda tem o resto do ano de mandato na Anatel. E não fica bem deixar as suas atribuições de presidente da agência reguladora para subir em palanques nas redes sociais. Como dizia um velho editor com quem trabalhei: “a inveja é uma merda”.
Serpro IBGE
Nem Marcos Mazoni, nem Alexandre Amorim, deram as caras no evento de lançamento da parceria do Serpro com o IBGE, que visa implantar o “Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística e Geocientífica para subsidiar Políticas Públicas Preditivas”. Os dois realmente não se toleram. Mazoni pelo menos tem a desculpa de estar vivendo um pesadelo familiar que o impede de exercer normalmente as suas atividades. Já Alexandre Amorim tinha a agenda do dia na estatal limpinha, sem nenhum compromisso previsto, mas não deu as caras para prestigiá-lo.
Perguntar não ofende:
Alguém sabe me dizer o paradeiro da RNP no governo? A “organização sem fins lucrativos” tomou chá de sumiço desde que começou o governo do petê. Mesmo sendo financiada pelo MCTI da comunista, Luciana Santos.
*Fui!