E se a tecnologia fosse um integrante do seu time?

Por Marcelo Eduardo Cosentino* – No mundo corporativo hoje, frequentemente vemos a tecnologia sendo tratada como mais um ativo. Algo comprado muitas vezes a um preço elevado sob a promessa de transformar negócios e aumentar produtividade e lucratividade. No entanto, muitas organizações falham em perceber que, assim como um alto executivo em um cargo estratégico, a tecnologia também merece atenção contínua para cumprir de forma eficaz o papel a que se propõe.

Essa analogia quem fez foi a consultora de tecnologia Nadjia Yousif em seu TED “Por que devemos tratar a tecnologia como um colega de trabalho” e é muito pertinente. Imagine contratar um executivo renomado, pagar a ele um salário extraordinário e então ignorar suas recomendações e deixá-lo de escanteio. Ainda que não faça nenhum sentido, é justamente isso que acontece em muitas organizações. Elas falham em compreender que o alto investimento em TI é apenas o primeiro passo e que, para que ele se traduza em benefícios reais, é necessário tratar a tecnologia com a mesma consideração que se daria a um executivo de prestígio. É necessário integrá-la ao grupo.

Imagine incluí-la no organograma da sua empresa? Em um primeiro momento pode parecer engraçado, mas conseguir visualizar claramente quais tecnologias estão associadas a quais funções e líderes, pode ser muito benéfico. Esse exercício é capaz de ajudar a responder perguntas importantes: a tecnologia está alocada de maneira eficiente? Quem está liderando a sua implementação e a sua gestão? Há um equilíbrio adequado entre as ferramentas utilizadas e as pessoas responsáveis por elas? Esse tipo de análise pode levar a ajustes que melhoram a interação e a eficácia das soluções existentes em uma empresa.

Tratar a tecnologia como um colaborador significa ir além da simples aquisição e implementação. Assim como agendamos sessões de feedback com os colaboradores, devemos fazer o mesmo com a tecnologia. Isso envolve momentos regulares de revisão, análise do desempenho e discussão sobre possíveis melhorias. Esse “café” com a tecnologia não é apenas uma oportunidade para resolver problemas, mas também para explorar novas possibilidades e garantir que ela continue a atender às necessidades da empresa.

Ao adotar essa abordagem, otimizamos o investimento realizado e criamos um ambiente no qual todos os envolvidos — fornecedores, compradores, donos e usuários — compartilham uma responsabilidade conjunta pelo sucesso do projeto. Essa visão colaborativa e integrada é essencial para transformar a aplicação em tecnologia em um verdadeiro ativo estratégico.

Então deixo a pergunta: sua empresa está dando à tecnologia o valor que ela merece? Ou a está deixando de lado após a compra? A resposta pode determinar o sucesso de seus investimentos tecnológicos e, consequentemente, o futuro do seu negócio.

*Marcelo Eduardo Cosentino, vice-presidente de Negócios para Segmentos da TOTVS.