Por Carlos Morais* – A ascensão da Inteligência Artificial (IA) trouxe novos desafios para as corporações. Embora o cenário seja otimista por se tratar de uma aliada para as empresas, como aponta o Gartner, que traz uma pesquisa indicando que, até 2025, 90% das organizações no mundo todo terão aderido à essa tecnologia, por outro lado, existem alguns impasses sobre a adesão assertiva pelas empresas.
Entre os principais problemas está a banalização da IA. Esse fenômeno ocorre quando diversas organizações implementam a tecnologia sem um entendimento claro de suas capacidades e limitações, o que gera expectativas irreais, além de frustração, desconfiança e investimentos que são naufragados.
Num levantamento com cientistas de dados e engenheiros de diferentes setores de IA realizado pela RAND Corporation, organização norte-americana de pesquisas, estima-se que 80% dos projetos com essa tecnologia falham, duplicando a taxa de fracasso de projetos sem IA . A conclusão deste estudo mostra que um dos principais motivos para tantos fracassos tem a ver com a falta de perspectiva de como a IA pode, realmente, ser usada na prática.
Nesse cenário, é essencial que as empresas não apenas adotem a tecnologia, mas também a compreendam de forma aprofundada. Ter um especialista em IA é fundamental para desenhar uma estratégia adequada, evitando o uso ineficaz de ferramentas e garantindo resultados reais, mantendo a credibilidade do conceito de IA nos negócios.Paralelo a isso, algumas mudanças podem ser promovidas, como por exemplo, a cultura empresarial envolvendo todos os níveis da organização. Isso porque, quando líderes demonstram compromisso, a ação pode inspirar confiança e adesão do restante da equipe e, devido a isso, o alto escalão da empresa deve ser transparente sobre os benefícios esperados e como essas novas ferramentas facilitarão o trabalho diário.
Além disso, investir em treinamento contínuo é fundamental, uma vez que não adianta adotar uma nova ferramenta se a equipe não sabe como utilizá-la eficientemente. Desse modo, é importante que a empresa ofereça workshops, tutoriais e suporte contínuo, a fim de aumentar a competência técnica dos colaboradores e reduzir resistências relacionadas às mudanças. Ou seja, um colaborador bem treinado se sente mais seguro e valorizado.
Igualmente importante é promover uma cultura de feedback contínuo em que as equipes sintam que suas opiniões são ouvidas, incentivando sugestões sobre melhorias e ajustes das novas ferramentas. A partir desse diálogo aberto, é possível fortalecer a colaboração e garantir que a implementação das novas tecnologias seja mais fluida.
Portanto, ao adotar essas práticas, a empresa pode ficar mais preparada para aproveitar ao máximo as novas oportunidades tecnológicas, que vão se inovando a cada dia e, consequentemente, ficarão até mais baratas se forem bem aplicadas e alinhadas com as equipes, sobretudo, com o acompanhamento de um profissional da área tecnológica.
O futuro da IA nas empresas é promissor, mas seu sucesso dependerá da capacidade de alinhar tecnologia e equipes de forma estratégica. Ao investir em treinamento contínuo, promover uma liderança transparente e incentivar a colaboração, as organizações estarão preparadas para aproveitar ao máximo as oportunidades que a IA oferece, transformando-a, de fato, numa aliada poderosa para impulsionar a inovação e o crescimento sustentável.
*Carlos Morais é diretor-executivo na Globant, empresa nativa digital focada em reinventar negócios por meio de soluções tecnológicas inovadoras.