Era tudo o que a oposição queria: ter uma comissão comandada por ela para fazer campanha contra a censura e pela “liberdade de expressão” nas redes sociais, ao mesmo tempo em que poderá apedrejar autoridades do governo em eventuais audiências públicas. Se estas não fugirem da “pancadaria’ alegando “outros compromissos”.
Do ponto de vista político, se a intenção era esvaziar a importância da comissão com a ausência de integrantes, a base do governo pode ter errado feio nessa estratégia. Pois garantiu para a bancada bolsonarista a liberdade de praticamente falar sozinha o que quiser; e depois multiplicar o discurso nas redes milhares de vezes. E tudo com o auxilio da TV Câmara que transmite todas as sessões legislativas.
Sem contar que a comissão deverá reivindicar o direito de analisar qualquer proposta oriunda do Poder Executivo ou de iniciativa da própria casa legislativa, que trate de regulamentação das plataformas de Internet ou qualquer outro tema correlato.
Somente três deputados de partidos de esquerda indicados até agora como titulares (André Figueiredo/PDT-CE; Carol Dartora/PT-PR; Gervásio Maia/PSB-PB e Luiza Erundina/PSOL-SP) terão a trabalheira de enfrentar alguns expoentes do Partido Liberal, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que estarão em peso trabalhando na comissão.
Somente hoje alguns deles já mostraram suas credenciais para a batalha: os deputados Mario Frias (PL-SP), Bibo Nunes (PL-RS); Gustavo Gayer (PL-GO); Nikolas Ferreira (PL-GO); Julia Zanatta (PL-SC).
Na primeira sessão em que elegeram o deputado Amaro Neto (Republicanos-ES) para a presidência da Comissão, os discursos já foram na direção de barrar qualquer iniciativa do governo de regulamentar as plataformas de Internet, sob o argumento de que essa iniciativa visa impor a censura nas redes sociais.
A única voz ponderada nos discursos de hoje foi da deputada Simone Marquetto (MDB-SP), e ela lembrou que, a necessidade de discutir a liberdade de expressão não afasta a questão da responsabilidade da fala nas redes sociais.