Troca de documentos entre grupos de WhatsApp da Transição expõe falta de segurança

Foram criados grupos supostamente fechados no serviço de mensagens, para que os integrantes da Transição pudessem agilizar a troca de documentos, que contém diagnósticos do atual governo e propostas de programa para o próximo. Mas como muita gente foi sendo colocada para dentro da Transição como “voluntário”, sem que ninguém tenha feito um controle efetivo das nomeações, tem gente que não tem nada a ver com a mudança de governo mas ganhou o acesso no “WhatsApp da Transição”. O resultado dessa bagunça nos GTs foi que alguns documentos – que em tese seriam “sigilosos” – já circularam abertamente na troca de mensagens desses integrantes e podem até ter parado nas mãos de adversários políticos. Lindo!

Aos técnicos

Essa é uma fase que normalmente alguns técnicos ficam sem saber se continuarão no próximo governo ou não. Pelo que já ouvi, o corpo técnico ministerial independentemente se votou ou não no próximo governo será aproveitado. Não está prevista nenhuma perseguição. Claro que há casos em que técnicos manifestaram sua preferência partidária publicamente e isso dificulta permanecer no atual cargo que ocupa. Mas não vi em ninguém na Transição o espírito de prejudicar bons técnicos por conta de política. E isso é bom.

Paternidade

Na coletiva que este blog não foi convidado, Cezar Alvarez, um dos coordenadores do GT de Transição das Comunicações, disse que a conectividade estaria na casa dos 83% dos domicílios. E um pouco menos da metade teria internet mas não computador. “O celular que todo mundo tem é de má qualidade. Tanto os aparelhos como os pacotes, de pouca densidade, tempo e qualidade.”

Ora pois pois…

Cezar se esqueceu que a maior parte dos 83% que têm conectividade, começou a gozar desse benefício no governo em que ele era o secretário-executivo do Ministério das Comunicações (Dilma). E foi nele que foi criado o PNBL – Plano Nacional de Banda Larga (PNBTeles), além do “Computador para Todos”. Pode alegar que foram descontinuados, mas essa decisão foi tomada nos governos seguintes porque os projetos eram ruins e sem sustentação financeira e técnica. O PNBL por exemplo, dava uma conectividade de apenas 1 Mbps ( no máximo 6Mbps) e o “Computador para Todos” foi engolido pelas próprias empresas de telefonia, a quem eles prestigiam, porque a aposta tecnológica na época era pela mobilidade, uma tendência mundial.

Já sobre “celulares ruins”, temos equipamentos como em qualquer outro país no mundo em 4G e eles foram amplamente subsidiados pelas próprias empresas. O que não temos é rede Wi-Fi para compensar. O discurso parece mais para justificar uma ideia que andam acalentado em seus corações: subsidiar equipamentos 5G com dinheiro público, como querem as teles. Essa equipe na Transição de Lula de Comunicações adora fazer cortesia para as empresas de telefonia e fabricantes de PCs. Discutir uma reforma tributária que desonere as empresas e isso se reverta em tarifas mais baratas para o usuário essa turma não faz.

Cara/crachá

Virou sonho de consumo da maioria dos integrantes da Transição a posse de um crachá, que prove que o vivente participou dos trabalhos na mudança de governo. Seria um prêmio de consolação para quem não conseguir depois uma vaguinha em algum órgão público. E além disso, dá uma certa chuveirada no ego dos caras circular no Centro Cultural do Banco do Brasil ostentando o crachá da transição.

Pode parecer pouco para você que não mora em Brasília, mas aqui andar com tal documento pendurado no pescoço gera uma felicidade danada.

Sebrae: fora de contexto?

Em nota oficial dirigida ao Metrópoles, o presidente do Sebrae e candidato à reeleição, Carlos Melles, afirma que os vídeos com acusações contra ele de misoginia e improbidade administrativa, conteriam “trechos minuciosamente editados, totalmente descontextualizados, para construir uma narrativa baseada na mentira”. E teria alguma situação aceitável no relacionamento profissional dele com as funcionárias, que justificasse chamá-las de “meia advogada”, “bicuda”, “tagarela”, “mole” e “teimosa”? E o critério de só escolher mulheres para trabalhar na entidade se forem “jovens e bonitas”, também seria condição primordial para a administração do Sebrae?

Sebrae: candidatura insustentável

Já é dado como provável na eleição de hoje às 14hs do Sebrae, que o governo irá retirar o apoio à candidatura à reeleição de Carlos Melles para presidente da instituição. Restaria ao candidato o apoio apenas das Confederações da Agricultura e do Comércio, num universo de 15 instituições públicas e privadas com assento no Conselho do Sebrae. Melles assim mesmo poderá ser reeleito com pouca representatividade. Mas com a chegada do próximo governo – que chegou a pedir o adiamento para escolha do novo presidente do Sebrae – a posição de Melles no comando da entidade ficaria insustentável. Ainda mais se vierem de fora, do Ministério Público do Trabalho, por exemplo, algum aviso de abertura de inquérito contra ele. Neste caso, quem o apoiou Carlos Melles, mesmo sabendo das acusações que pesavam contra ele, também estará na mira dessas investigações.

*Teremos mais coluna até o fim do dia.